Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

kEVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS "E como o louco -e uasmo Visionário oue fez daquela esfinge o seu calvário. fiz de teus braços, santa, a minha cruz !" Eustáquio de .Azevedo 1'1 . _ Quem p~derá negar que na transcrição dêstes versos est4 a digni.: ficaçao da amizade concreta, oura, esteriorizada com altivez e sem res servas, já não só aos dois amigos que salvaram do olvido o rimá'rio ·do em1morado cantor de Etelvoniha, um alguém imaginário oú materiali– zado que teve especial destaque na série "Passiom1is" de seu livro ?- . É afirmativa simu1tânea de estima e reverência aos méritos 'de rlois destacados vultos de sua roda, naturalment e mais chegados ào bar- · do, por uma liga<'ão diréta. ' Prosseguindo na <'elebração do seu ritual afetivo, Natividade J.im :- rlirigP-se "Aos Poétas". com vários trechos acutilantes, datados de 1895. utilizados pelos editores seus amigos. Estas linhas trazem a sua i:,<;sinatura no intróito do "Musa Boêmia" e revelam sobranceria• na atituçle : "Eu Poderia dizer-vos, que, devido a instancias de alguns ~migos: publicava os meus versos, como muita gente faz. Não dese– Jo, porem.. atirar às costas dos meus amigos a responsabilidade do. "crime". tão pouco às nedradas ou palmas que o meu livro me– recer : Fui eu que deliberei publicá-lo. . . Dedico êste primeiro fruto das minhas horas·vagas ao!! meus· amil{os e distintos póétas Eustaquio de Azevedo e Frederico Ros– sard. T_enho, assim, hoje. a rara coragem de ser i:-rato e diz-me a' coilciência, porque a tenho, que pratico um áto de nobreza. Presto um preito de reconhecimento e de amizade ao Eusta– quio de Azevedo, porque foi quem me ensinou os se,:-redos da me– trificação e corrigou os meus primeiros versos; ao Frederico Ros-· sard porque foi quem me armou cavaleiro e apresentou na im– J>rensa pela porta honrosa das colunas editoriais". E não satisfeito com êste atestado de real apreço aos mestre e amigos caríssimos, ainda deixou gravado, nu~a pá– gina, que é aureo\ç} e cor ôa de louros, êste dístico de sugestivo ~e– conhecimento : - "Ãos meus amigos, Eustáquio de Azevedo e Frederico Rossaard - gratidão. O Autor". . . , Com que r eligiosidade, com que uncão e _êxtase q.ivmos esses émulo do grupo abolicionista que Coelho Neto fixou,. õ~ten~o-s1; ~elo pão e a glória ,"frigindo os miolos" para arrancar u1!1a ideia, nas paginas admiráveis de "A Conquista" cultivavam os _sentI~ento~ nobr es ! De Bilac. a Artur e Aluísio Azevedo, de Paula Nei a Gmmarae~ Passos,. d_e Luiz Murat a José do Patrocínio, todos êles tiveram na grei de NatI':'i– dade Lima e Olavo Nunes os seus comparsas talentosos, querendo-se afetuosamente. . .· Natividade Lima nasceu no ano de 1871 e recebeu ~ be1Jo da . "Pálida Geifeira" a 29 de junho de 1897, num leito de hospital, sob 0 olhar fatigado e piedoso· das freiras consoladoras. Sepultou-se na en– solarada necrópole de Santa Izabel, com acompanhament~ de colegas e êonhecidos, numa cerimônia simples e comovente. Era toda de r<;>sas florentes, de asas brancas arrulhando, a sua juventude, os.seus festivos vinte. e seis anos ! ·

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