Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS . E er a de vê-los degladiarem-se, intransigentes e incorrut íveis, fa r– p e.antes quando as circunst âncias ex igiam, galhofeiros se n ecessários, fer irem, ou car icaturar em os tabús veneráveis, os tisiv eis chefêtes con– t rários. Mas não odiavam n unca, jamais agrediam ou insultavam leviana– mente um opositôr d a outra barricada. Respeitavam-se, t inham a d igni– dade das at itudes, faziam da condição de homem de impren sa um meio h onest o de v iver para o seu jornal. Tinham a· volúpia e o desassombro da polêmica sem viseira, d o artigo escal_pelante e mordaz, da sátira fer ina, da piada ridicula r isante. · 'Fudo isso, en tr etant o, feito com br ilho e elevação de in te lécto, dcmon sfrapdo conhecimentos exatos · do idioma, a paixon ando a opinião pública, sem se aviltarem, nem desertarem da aren a. Deveria influir, poderosamente, n a esfer a d e cordialidade em que ' se reuniam, for a das r edações aguerrid as, o carinho que cu1tivavam p ela vida d os cafés, dos teatros, dos ca bar~s notu rnos, das ceias a legres, com "mar iposas da moda", champanhe e vinhos caros, noites prop ícias a re– citativos melodr amát!cos, a discursos fogosos, a versos feitos de impr o– v iso na toalha das bancas, como autênticos per sonagen s de Murger. Irman avam-se, assim, inimigo-s truculentos q.a v espera, que antes . se esgrimiam, lutando p elos setores do seu diá rio. E brinda vam-se sem constrangim ento; entendiam-se às maravilhas nas ocasiões de aperturas, porq ue, oficiantes tr ansfigur ados da amizade, quando se congregavam n esse~ mome,ntos de júbilo, sabiam ser super iores, docentes e elegantes. . E esse modo d e julgar , de praticar a tarefa do cidadão de letras, está comovedorn e cncantadoramente assinalado nas d edicàtórias das SU!lS produções, ou das obras q ue publicavam. · NATIVIDADE LIMA · O seu livro, "Musa Boêmia", que enfecha r ico f lorão de versos po~tum~s foi edit ad~ em junho de 1920, na popular livraria de A. J . Tei– x e ira Pmto, nesta c1dade, p elos a mio-os i nsepa ráveis do mavioso poéta, Olavo Nunes e J . E ustáquio de Aze;'edo. . Mergulha ndo-se_ nas cento e cinquenta págin as do volume .ex– penmenta-se a sensaçao de travar com um creador de estrofes soberbas, a lcandorad~s num lirismo vigoroso. , Respll'a.-se _um exigênio poético saudável, sem piegu ices excessi- va~ente romanticas; p erpassam sombras de amantes despentead as, de– pois d e ad~_use~ fe brís, fica ndo a J?airar nos le itos amarfanhados um ru– mor de b e1Jos msaciados. Natividade }:.,ima dá a impr essão d e esgotar a .mocidade e o cére– bro escrevendo versos às Du k ineias de uma noite como r emate de se– r en at as ao luar, com modinh as e violões soluçante; . Nas "Duas Palavras" justificativas, como pórtico do livro, numa prova_ d~ admir ação e de saudade, os homenageantes justificam o gesto magnammo ao companheiro querido, escrev endo : .. "A 1mblicação dêste livro é feita pelos signatário~ destas linhas, amigos sinceros do poéta extinto. Pretendem, ass1!'1, dar uma prova do muito aféto que lhe dedicavam e do ç-r:iu ele– vado de apreço em que o tinham pelos seus dotes de es~ir1to e _d~ coração. O produto líquido da venda da presente ecliça~ serv ira pa ra a aquisição de uma herma, de um cipo coíne_!Jlorativo qual– quer, que lhe pel'}>ettie a memória, ou, se a tanto nao chegar, para melhorar as condições da sepultura raza, onde o poéta repousa, e que jaz em completo estado de atínndono. , ,

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