Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

74 - REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS DOIS POETAS BRUNO DE MF.NEZES Ao tomar posse tla cadeira 32- Natividatle Lima - o poeta Bruno tle Menezes pronunciou a seguinte oração : Nesta hora de intel igê-ncia e de esoírito, eu creio, profundamente no presth!io da amizade. P elo menos, só êste sentimento afetivo justific~ a benevolência da minha nresenca neste ilustre Areópago. É que. acompanhando o d clo de mútua estima e d edicacão cord ial que foi a íntima fra ternid ade intelectt1al da geraç-ão d e- Natividade Lima e ·Olavo Nunes. compreende-se que ela venceu a si mesma porque · não cultivou rl.espeitns n P.m ódios bastardos no seu seio. E êste culto da c-a mRr arlai:rem t em-se a impressão de haver ex is– tinn. numa sincera p;·,..,fissão eh í é, r->ntre os falanE(iá rios da Mina L ite– rária, mais tarde fundadores desta douta Academia de Let ras. Um comoanheirismo jamais envenenado pela discordia , pela in– veja ao êxito literár io uma adm iração_ recíproca oelos mér itos pessoais d e cpda irmão de sonhos, digamos, um inst into de comunhão familia r d a Arte, eram os post ulados sadios dêsses poetas. jor nalistas roman– cistns, críticos e teatr ólogos q ue e~banjaram, prodigamente, ~u ltura' e emotividad e lírica, frequentando diàriamente as colunas dos jornais da t erra, nesses idos memoráveis. É possível que hoje, ao letrado dos nossos dias, revestido d e au– dácia e indiferente a sensibilidades mal fer idas ocorra o julgamento de que ês'se clã viveu num permanente clima de boêmia, de menospreso às honrarias, de descaso pelas posições de mando, sem ambições de alça– premar-se aos cargos públicos. A um tal juízo opõe-se a contradita de ter sido essa espec~e de mística dos seus talentos e dos seu s caractéres, dos seus cora~ões ama– ráveis, transbordantes de peregrinos dotes amistosos que robusteceu a 'permanente solidariedade em que sempre comungaram, pobres e sa tis- feitos, porque milioná r ios de versos e de rimas. • É que entre éles; sarcastas e finos humoristas, paladinos p rofes– sos do realismo, demolidores sist emáticos das mediocridades, devotados, unicamente, ao ideal da Beleza, nunca teve praça o cabotinismo de trombeta, ôco e fátuo, na sua irritante mania de notoriedade. Nem tão pouco prolifer a ram as confra rias do elogio or ganizado, que per correm tôdas as escalas adjetivas, pa ra enaltecer , q uan~o o santo é da sua ir – mandade e silenciar de adrede, si aparece alguem, capaz d e fazer des- cer do ni~ho e imagem altamente louvaminhada. . . _ . · Torna-se p reciso ressaltar neste es~orço que nao_minguava a ês– ses cavaleiros d as Musas e da pena leitura s1stemat1zada 1 percepção conscier-1te do evolucionismo literário, todos ê le~. com 11,1ovimentos de– sem ba r açados nos p rélios das escolas que surgiam, .adeptos decididos d a luminosa espirit ualidade lat ina, seguidores e admiradores dos gr an– des m@stres d a sabed oria clássica. En volvidos nos vórtices d a política extremada da época faziam cada .qual, da folha a que ser viam com l e>aldade, e m uitas vezes' com sa~ crifício individual, o Santo Qral de suas paixões partidárias.

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