Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
RÊV·IBTA- b ACADEMiA ~ ARAENSE bEl t.É'l.'R~ com a sua mentalidade de escol, que lhe mantinha na mesma altura a tradjç~o cu~tural. Por êsse ten;ipo, muitos dos seus valores màiores já haviam emigrado para a metropole. Cito, entre outros, Jaime Cal'doso o fascinante romancista de "Essa Vidas Inquietas" diplomata e esteta,' q'!e ~ !J,oje _um notáxel expoente da cultura brasil~ira dos nossos dias . Nao e po_ss1vel nesta•resenha apressada relembrar-lhes os nomes, enu– merados mtegralmente na entrevista concedida ao Estado do Amazo– nas, após o meu regresso a Manáus. Seria injustiça, entretanto, omitir n~sta hora o do_jornalista Paulo Eleutério Alvar es da Silva, meu impá– -v_1po companheiro _da jornada de 1910, no Jornal do- Comércio, por óca– s1ao do bombardeio da ca_pital amazonense, onde a sua pena corajosa era uma permanente vibração cívica; e o de Santana Ma rques, que no E~tadQ dQ Pará, d~limitava a atmosfera de uma fase jornalística de etapas e111ocidnantes. Existiam· ainda outras inteligências, de formas _multímodas, - prosadores, sociólogos, oradores e poetas - que mere– ciam referências mais dilatadas: Alfredo Ladisláu , Camerino Rocha, Al– cides Gentil, Luís ·Estevão 1 Apolinário _Moreira, Matos Cascais, Nogueira de Faria, Luís Barreiros, Acilino de Leão, Osvaldo Viana, Bruno de Me– n ezes, De Campos Ribeiro, Orlando Mora is, Rocha Moreira, -que figu– ravam então no primeiro plano, sem excluir da g1;1leria o, teatrólqgo Edgar Proe1wa, cronista rutilante e repórter internacional , da escola de . Henri Béraud, que é atualmente. o elemento de. ligaçíio no inte.rcâmbio cultural dos dois estados setentrionais. Depois, de longe em longe, viajando para o Rio, nunca deixe i de visitar Belém. As gerações novas despertavam, ocupando os postos de va nguarda, estimuladas por luminosa floração de inteligências ·realiza– doras : Har oldo Maranhão, Corrêa Pinto Filho Brazão e Silva_. Machado Coelho, Cécil Meira, Georgenor F ra nco, Cléo Bernardo e,_ !=!ntre ma\s a lguns nomes da mesma linhagem, Murilo Menezes, ~nsa1sta, de. i;in– m eira água, com a a rte sutil de associar e dissociar as fQrmas lienoya– doras do pensamento. Assinalemos a inda essa prod igiosa co.lmeia de abelhas construtivas, t ão afeiçoadas de Ma rtins Fontes, que e. a Aca:d~– mia P a raense de Letras, cujas reservas culturais valem por um ~epo1- mento f ulgurante a. favor da mentalidad€ do grande estado nortista. . Tôdas_essa gente de polpa, t ôda essas figuras r ebril~antt;s, e outr~s mais de nao menor lustr e, que talvez me tenham refugido, a memoria, na sofreguidão com que escrevo estas linhas, e algumas ?ªS quais for am r ealmente anotadas nessa galeria de retratos, e u gostaria de ver reme– m or adas no excelente livro de Mecenas Rocha, que se mostra ag9ra o r evelador a utori.zado da paisagem intelectual de su a terra, .atraves qe gerações. e gei:-ações. Memorial da vida morta,. entressacl'\ado de remi– niscências cheias de ama rgor e paixão, esta obra con~e~ce-_nos sobrerno– do de que mesmo nos derradeir os lances de nossa ex1stenc1a, a recorda– ção piedosa dos esp étros de além túmulo e a revivescência. do~ home!ls de antanho é a inda um volutuoso prazer dos sent idos. Escntor cuJa consciência literária não se modifica n em se desvirtua, .1;1J?é".sar -dos ,a~o;,, Mecenas Rocha após tantos esforços e pungentes sacrif1c1os, ~las:pf1- cando-se entre os prosadores notandos, da Amazônia, dá-nos a impres– são, assim pela a usteridade de sua vida par adigmár.ia , como P,ela 1 con.t!ex– tura harmoniosa dos seus conceitos evocativos, de um apos,t o o fer – v ente da regeneração humana, enclausurado n~ beatitude tlo •mon as• tério, que faz ressurgir as figuras do passados, v~vos e n:o:!'tos, ocultan: do-lhes as fragilidades e dissimulando-lhes as 1mperfe1çoes,. n(!S rele– vos. do seu estilo plástico e n as iluminur 11,s estéticas de suas idéias. (Do "O Jorna l", de Maná us, d e 22 de 'abril ·de 195Í),
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