Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

f E ainda : o "Banzo", de Murilo Araújo, estranha melodia negra em que se casam em ritmo vertiginoso vozes, alegrias, suplícios e ba– tuques das senzalas ; "Essa ne[!a fulô", de Jorge de Lima, retrato sen– sual das sestas nos pátios das· fazendas ; "Sangue africano", de Cas– siano Ricardo, no qual o poeta interroga a sombra que vem de longe : "ó meu Pai João. por que choraste? Olhei o negro velho no clarão da fogujlira. · e pareceu-me ver a noite em forma humana : e pareceq-me ver a saudade africana crucificada numa noite brasileira . .. " Outras páginas em prosa e verso, que seria longo enumerar, são outros pontos luminosos no roteiro poético do cativeiro. Para ,fechar com chave de ouro as citações, não há como pedir a Guilherme de Al– meida a imagem com que êle definiu o Cruzeiro· do Sul pingado no céu dos pretos como um ato ·de mandinga : · "De repente, na escuridão opaca pesada de breu . as cinco estrêlas do Cruzeiro (Cruz ! credo ! ) . . . Foi o céu que se benzeu".

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