Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
p... f REVIS'rA' DA ACADEMIA PARAENSE' DE LETRAS lhe intenções más no momento atual ? Para que supor que, passado este projeto êle mandará o resto do Congresso para Cucuí (Risos gerais). Amaro foi politicamente, nos primeiros anos da República o percursor do Civilismo que mais tarde foi seguido pelo nosso emi– nente Ruy Barbosa pa Campanha Presidencial. Vemo-lo na sessão do Senado Federal, de 21 de maio de 1892, discursar acêrca de preferência aos militares e, assim se manifestou : "Quando se trata de prodigalisar às classes armadas, que -ainda na organização dos povos modernos têm missão muito elevada a cum- . prir ; quando para bem ampará-la no desempenho da sua elevada mis– são, muitas vezes de sacrifício e até de sangue, for necessário o meu concurso ; fique o Senado certo, de que me encontrará a conceder– lhes tôdas as regalias, tôdas as mercês, todos os favores, todos os au– xílios, tôdas as considerações e tôdas as honras que forem mister. Mas, quando, além da sua preferência para os serviços puramente mi– litares ainda se pretender ctar às classes armadas preponderância, pre– cedência, privilegio sobre as outras classes ; por certo, o meu voto não estará ao lado dessas pretenções (Apoiados) . "Sr. Coelho de Campos - E pensa muito bem. "Deixar porém que essas classes saindo da esféra, que lhes é própria, invadam tôdas as posições, todos os cargos, tôdas as fun– ções, com preferência legal, ou em detrimento das classes civis ; não seria lógico nem seria rasoável. "Demais, si o nosso regime não comporta privilégios ; si a Re– pública foi proclamada com o fim de fazê-los cessar, é mister sobre– tudo manter o princípio em relação àqueles que têm a força na mão, para que, em momento dado, nao se substitua o interêsse da nação pela séde do poder, ou o que é peior, - pela satisfação de caprichos e vinganças pessoais. (Apoiados) . ··Diz-se, talvez sem muita razão, que com a proclamação da República nada mais se fez do que substituir a vontade da nação pela vontade dos marechais, e o regime da - liberdade, pelo regime do militarismo ! , "O govêrno do militarismo fatal às liberdades públicas, é, igual– mente fatal às próprias classes ~rmadas ; porque o vencedor de hoje será necessariamente o vencido de amanhã e a furia das revindíctas ha de anular fatalmente todas as vantagens da vitória anterior. É preciso não esquecer o hodie mihi, eras tibi, e nâo deixar que aumente uma preponderância, que pode ser funesta para os grandes destinos de todo país . . . Lavro portanto o meu protesto e voto contra este projeto que pretende instituir um privilégio em favor das classes armadas que Já muitos têm. (Muito bem, muito bem). O DR. AMARO DOUTRINA E ACONSELHA. Deante da desorganização geral do país, ·nos primeiros anos da República escreveu o dr. Amaro Cavalcanti : "Na indicação dos meios ou medidas que são indispensáveis, essenciais ao melhoramento da presente situação - devemos enum~– rar como cardiaes, e dependentes da ação ou vontade dos poderes pu– blicas: . 1) A consolidação das nossas instituições políticas, de modo a restabelecer, dentro e fora do país, a confiança, hoje perdida, ou ao menos, realmente capaz de manter a ordem e a paz pública i
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