Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
REVIS'I'A bA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 55 produzido êsse questionário comentários diversos e desencontrados o ::i~nador Amaro cavalcanti levou os mesmos ao Senadô Fede1·al inc~– ~1;1do-se ~e dar as necessárias respostas e de aconselhar os remédios a grave situação financeira do p a is. A 1. ~ q~e~tão : Qual a _causa ou causas principais que explicam, ~u !llesmo Justificam a situaçao econômica em que nos achamos ? Pre– limmarmente o S enador Amaro diz: "Os males da situação econômi– ,ca em que nos achamos, manifestam-se sabiamente e em uma serie dupla de fatos, uns circunscritos ao movimento interno do pais, e ou- troi; dependentes das nossas relações externas com os demais po– vos" Sobresaem entre os primeiros : _1) ~ elevação, exagerada e progressiva aos preços dos objetos d_e primeira necesi;idade tais como a habitação, os gêneros alimentí– c10s, e outros indispensáveis à subsistência ; 2) a dificuldade, ou dizendo melhor, a carestia do meio circu– lante, mesmo da espécie fiduciária, único que ora dispomos como agente das várias transações ; 3) a depreciação, ou mesmo a desvalorização total (em ' muitos casos) de grande soma de riqueza r epresentada por títulos de cré– ditc, - ações ou obriga ções de companhias e emprêsas - e por bens diversos, inclusive um enorme mate rial dessas mesmas companhias e eTTiprêsas, e até terras e bemfeitoria s rura is, etc. Sobressaem entre a s ú ltimas - moviment o externo : l ) a dep reciação do nosso meio circula nte d e mais de 60% nas relações cambiais. lo) _o quas1 an iquilamento de n osso crédito comercial (e o pú- blico ? nas praças extrangeiras . Analisemos, a gora as suas causas parcia is : 1) grande e constante desequilíbrio entre o consumo e a pro– dução (tomando estas palavras lato senso) , ou para falar mais claro, entre a oferta e a procura. . . , . P a ra explicar a maior procura das cousas .necessarias . ~ vida, nos dois últimos anos além do mais t em concorr-1do o crescimento constante d a populaçã~ resultante da imigração estra~gei_r~, a qual só ano anterior (l!l91) dá uma média mensal de 15. 929 n_1dlv1duos ; 2) o d esenvolvimento r eal ou aparente (pouco importa para o caso) de grendes fortunas par ticulares, que prop?rcio,?am aos mdivi– duo~ novas posições, novos gozos, ou mesmo a sat1sfaçao de outras ~e– cess1dades, até então inexistentes : os cavalos e os carros de luxo sao, por si sós, grandes fatores de maior consumo. Juntem-se,:lhes as !es– tas e a s gr a ndes re uniões em que os prazeres d a mesa sao regalados com profusão : o luxo dos vestidos, a criadagem, em uma palavra a prorl.igalidade da riquesa nova , facilmente adquirida, - e t eremos, em tudo isso, outros t antos elementos para· aumentar a procura. , Continua ndo, a ssegura, p rofeticamente , a seus pares do Senado : No:;, o Br a sil, nunca tivemos, não temos, nem sabemos quando tere– mos o capital preciso em moeda metáliea para ta ntas e tamanhas em– prêsas, aliás imprescindíveis ao nosso desenvolvimento material : ser– viamo-nos, porem dos elementos e meios do crédito (a moéd a fi– duciária é um dêst es) e bem esper a vamos poder, por êsse modo, tam– b ~m chegar, embora mais t atde , à posse dos elementos efetivos do ca– pita l real ou sàm ente como têm conseguido outros povos". Refere o Senad or Amaro que, "em um r espeitável órgã o de im– P:·en sa l ocal, Rio, se disse mesmo que a ruina pronta e cllmpleta de toda essa for tuna pública re1nesc11tada em ações e obl'igações era Ull\
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