Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

RÉVISTA DA ACADEMIA PARAENSÊl Dlil LtTRAS s:l manifesto a pretenção de fixar o limite -invariável ao meio circulante de um país". Aparteando-o diz o Senador Theodureto Souto - O maior dos absurdos. O Senador Amaro, continuando, assegura: "De– certo, o limite da circulação d epende das necessidades da mesma cir– culação" e, magistralmente ensina : "Si a moeda é um meio, o meio deve estar de acôrdo com o fim, e o fim é a multiplicidade de transações, em que a moeda entra - é o desenvolvimento econômico do país, o seu prngresso ; si êsse desenvolvimento cresce, a eirculação também ; si o movimento diminue, a circulação também". Sobre êsse magno assunto refere-se ao "Jornal do Brasil", acre– ditado órgão da imprensa desta capital, e que se tem mostrado um dos maiores entusiastas do projeto da Câmara dos Deputados, por haver limitado a circulação dos bancos, tem r ecebido e publicado · artigos, mandados a propósito pelo financeiro sr . Le Roy Beaulieu, ao que em aparte diz o Senador Teodureto Souto : "São artigos de encomen– da". Beaulieu diz, referindo-se certamente aos países da Europa : "Parece que o papel moeda depreciado queima os dedos ; ninguém o quer conservar" . · Ora, pergunto eu ao Senado. Entre nós os fatos se dão assim ? Nós, que fizemos a nossa independência política, usando papel moeda, do papel de um banco falido ; nós, que devemos todo o pro– gresso, muito ou pouco, que temos na ordem econômic'.1, ao papel moeda e a êle sómente (apoiados) ; nós que estamos habituados com ésse meio circulante damo-lo e recebemo-lo com tôda confiança, em todas as nossas tran ; ações, como r epresentativo legal dos valores ; acaso, temos êsse mêdo suposto do papel moeda, como de uma praga que Queima os dedos dos que nele tocam ? "Eis aí, como se aprecia o excesso do papel moeda no Brasil, su– ponde-se que as cousas se passam aqui, como de longe imaginam!" . "Entretanto em nosso caso a tual sobreleva interrogar : que ne– cessidade urgente' tem o país que lucro tem o govêrno em tomar a si uma dívida de 347. 000:000S000 a quanto monta a emissão dos bancos, dinheiro esse que não saiu ·do Tesouro para o serviço público, dinheiro que não irá para o Tesouro aumentar sua receita e que, ao contrário j~ se acha na massa da população'? Como, pois, aceitar este projeto a titulo de remédio ? Chovem apartes : - O Sr. Campos Sales - Aconselhado por necessidade. - O Sr. Teodureto Souto - Q'ue necessidade ? . - O Sr. Campos Sales - V . Excia. bem as conhece ; a neces- sidade de garantir o valor da moeda . - O Sr. Teodureto Souto - Não precisa disso. Responde Amaro Cavalcanti : Não gosto de lêr citações, não tendo porém, autoridade sobre a matéria (não apoiado) quero ler a opinião de _um autor insusp eito, o sr. Wagn er, economista distintís– simo, respeitado em tôda a Alemanha e em tôda a Europa, pela sa– bedoria e imparcia lidade de seus conceitos sobre assuntos financeiros. Eis suas palavras : "Quando em época de crise torna-se n ecessário recorrer ao pa– p~l moeda é sempre preferível não emitir papel ao Govêrno mas ser– vir-se da emissão de um grande Ba nco central e fazer a emissão em forma de bilhetes de banco . Embora de curso forçado, a moeda papel é reputada melhor por con servnr a natureza de bilhetes de banco". "A moeda fiduciária continúa o Sen ad or a sua lição, quando e~~s não fa lseam a sua mi~são t em por fim baratear o dinheiro, fa– cilita-lo ao comércio e as indústrias, de maneira que a sua emissão

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0