Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

REVISTA DA ACADEMIA PAfiAENSE DE LE'l'RAS MEU FILHO (Êste poema foi escrito às 2 horas da madru– gada de domingo, 27 de janeiro de 1952, ,uma hora ,. meia depois do nascimento de meu filho Georgenor). Não és mais sonho ! És realidade, és matéria, és ideal. Teu chôro, numa saudação à vida, revela que teu coração procura o meu amparo. Não és mais sonho apenas ! Não és unicamente esperança, nem conjectura, nem possibilidade, nada disso tu és ! És a grande verdade que Deus me concedeu Para a certeza na felicidade ! Não és mais sonho ! És alma, és espírito, és carne. E teus olhos se iluminam para bem sentir a imensa riqueza de perdão, de renúncia, de bondade, que é o grande tesouro do destino do teu pai ! Não és mais sonho ! És verdade, és felicidade, és serenidade, és o repouso ante-sonhado para a vida atribulada do teu pai ! Não és mais sonho ! És o ideal que arranca lágrimas e soluços e sorrisos de ventura do coração do teu pai, da alma da tua mãe ! Meu filho ! Minha alma cresce e se multiplica em mil venturas. Tenho-te em meus braços. Olho os teus olhos abertos para o mundo, êste mundo que é tão máu, mas onde vais encontrar, para a tua glória, a alegria feliz de tua mãe, e a alma revitalizada de teu pai, ajoelhadas aos pés de Deus, agradecendo a tua che,:-ada. Meu filho! A vida não é má. Os homens não são ruins. Uma estranha e infeliz ambição que anda pelo mundo, enevoando-o, eneg"receodo-o, é que perturba hoje tudo. A inveja descreve horrores na trajetória dos destinos. Muitas crianças vivem sem conhecer infância. Mas tu chegaste numa hora vibrante de esperancas. E ouve o conselho da experiência: não olha para o mundo que te cerca nem nara os encantos que a knentira oferece. Lembra-te de mim em todos- os momentos. E saiba!!, que o perdão, dignifica, o despreso cura ou mata e a bondade agiganta e escreve epopéias,

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