Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE OE Ll!:TRAS 16 de Janeiro de 1860. A 16 de Jun.ho de 1862 foi transferido pare Gurupá, onde, também, exerceu o cargo de vereador da Câmara, para o qual foi eleito, sendo empossado a 7 de Janeiro de 1867. Removido para Clntrn, hoje cidade de Maracanã, em setembro de 1870, aí permaneceu até 1873, quando foi transferido para Vigia. :liesta cidade, desempenhou, também, as funções de promotor público . Foi aposen– tado, a pedido, por ato presidencial de 11 de Julho de 1882, com 22 anos de serviço, sendo Diretor Geral da Instrução Pública o provecto Dr. Amerlco Marques Santa Rosa, a quem o professor Bezerra, pela Imprensa, agradeceu "ns benévolas manei– ras e imerecida consideração que se dignou dispensar-me durante o tempo em que eervl sob na sues ordens". Na mesma publicação, dizia êle, referindo-se a Vilhena Alves, então adjunto da sua escola : "Aos meus dignos colegas, especialmente ao senhor professor adjunto F. F. de Vilhena Alves, meu prestimoso companheiro de trabalho, consigno aqui um sinal do meu reconhecimento pelas lnequ!vocns provas de estima e amizade com que me honraram .. .". Não é sem motivo o registro dessa referência a Vilhena Alves. Serve para m ostrar o valor do ensino primário no Interior, nnquêles Idos, cm que se viam <escolas, como essa da Vigia, tendo como regente adjunto professores que se tornaram vm-dadelras sumidades no magistério primário e secundár io do Estado. E êsses homens não eram nQrmallstes, mesmo porque, a eBSn época, não tinhamas ainda Escola Normal no Pará I Outro Intuito do registro acima, foi pôr em relêvo a estrutura moral dos homens daquêle tempo. Quando Bezerra chegou à Vigia, •Já levava na sua bagagem o seu livro de ver– sos - A LYRA DAS SELVAS. Vilhena Alves, ainda multo moço, mas também poeta • e Jâ dedicado, sériamente, aos estudos filológicos, recebeu o livro com uma critica acerb~ e demolidora. Bezerra de Albuquerque, esplrlto combativo, levantou a luva e a polêmica se t ravou, por algum tempo, renhida e memorável. Pois bem , êsses homens não cort aram as suas relações pessoais, respeitaram-se mútuamente e man– tiveram, depois, uma amizade que sõ a morte Interrompeu. . Terminado O esclarecimento que ai fica, a guizo. de parêntesis, retornemos as nossas notas biográficas. Uma vez aposentado, o professor Bezerra fixou resi– dência nest a capital, onde se dedicou, exclusivamente ao magistério secundário lecionando n?,s colégios "Franco-Brasileiro", "Sousa Fr~nco", "Americano" e "Ate~ ~eu Paraense · Em 1890, tendo n Escola Normal do Pará passado por uma, reforma radical, foi O professor Bezerra nomeado para a cadeira de Português, da qual foi transferido para a de Pedagogia, em 30 ,de Junho do mesmo a no . Regeu, também, em 1892, a cadeira de Geograna do Liceu Paraense, boJe Colégio Estadual Pala de Carvalho e, em 9 de _Janeiro do ano seguinte, foi nomeado professor do curso supe– rior da Escola Modelo anexa à Escola Normal. Houve-se, nesta última !unção, como em tõdas as outras, com tanto zélo, dedicação e compet ência, que foi oficial– mente elogiado, em 18 de fevereiro de 1894, pelos relevant!BSlmos serviços prestados à causa do ensino. Foi, em seguida, nomeado para reger, em comlBSão, a cadeira de Português, do Liceu, põsto em que a morte o a bateu. Fez, igualmente, parte do corpo docente do Liceu Benjamin Cortstant, regendo ai, por mult o e gratuita– mente, vale dizer, a cadeira de História e Geografia. Na cidade da Vigia, em 1874, contraiu matrimônio com dona Mariana Batista da Sllva havendo dêsse con– sórcio sete filhos, dos quais resta, apenas, a normalista Belatrtz Bezerra de Albu– querque, professora aposentada do Grupo Escolar Barão do Rio Branco. A MORTE DO MESTRE Violento Insulto erlslpelatoso fulmina ra-o, no dia 17 de agõsto de 1897, quan– do dava sua aula de português no Liceu Paraense, na mesma sala em que, meses antes, fizera longa e brilhante conrerêncla cientifica, ao expor o seu - ANUARIO MECANICO - Interessan te aparelho c ronológico da sua Invenção. Bezerra de Al– buquerque não resistira à violência do ataque e velo a falecer no dia 20, às 7 horas da noite, após três dias de lnenarráve!s sofrimentos. Era, então, além de lente de Português do Liceu, Mestre da MINA LITERARIA, a mais culta e brilhante associação de homens de letras, àquela época, no Pa rá. Sua morte, como seu sepultamento movimentaram e emocionaram fundamente a sociedade paraense, que acorreu em pêso aos funerais do Mestre. querido. No cemitério fala ram : Bertoldo Nunes, Ovldio Filho, como agitador da "Mina", professor Hllnrlo de Santana, pelo professorado primário, Eustaqulo de Azevedo, Francisco Simões de Rezende, pelos alunos do Liceu e Euclides Dias, pelo "Ateneu Paraenae''.

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