Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

30 REVlS'l'A DA .ACADEJ\11A l'ARAENSE DE LETRAS A BELESA DO AMOR NA EXULTAÇÃO DA VIDA A MINHA ESPOSA Em ais de súplicas de monje, Neste Natal em que tu pairas longe, Rezo, unidas erguendo as mãos incontentadas, . E,' nesta prece, em meu olhar fulges librando, Como, em tempos pagãos ou éras encantadas, Hordas de ninfas, trêfegas, bailando. Cheia de ânsias sutís ·de harpas misteriosas Vives no meu olhar, E o meu olhar te anseia, Na vertigem do bem, no ardor que me incendeia, E a alma eu tenho a cantar E a celebrar, vencida, A belesa do amor na exultacão da vida ! Ergo as mãos para o azul e, assim, As pupilas ardendo em chamas de esplendor, Chavem constelacões do céu pelos caminhos E tendo odes de paz e cânticQs na dor, Eu sonho ter eterno o eden em teus carinhos. Viva êste amor que nos uniu, Que, a esplender, me ofertou as horas calmas; 1!:ste amor que me trouxe, em cada brilho, As bencãos imortais de um sonho em flor E pôs em nosso lar o nosso filho, E unindo as nossas mãos, e unindo as nossas almas, Deus o Olimpo dos Deuses nos abriu, Na belesa da vida e exultacão do amor ! A 1m·a s Amiga s Os bracos tu me abriste, um dia, em minha estrada E, lêda, a· acompanhar meus passos no deserto. Entre hóstias de um amor, ao. sol da caminhada, Vamos num sonho azul, pelo destino incerto. Quando as nuvens se võem mais negras na alvorada E um arquejo espetral de angústia paira perto, Mais unidos nós dois ficamos na jo'l"nada E ao meu peito, mais forte e rígido, te aperto. Na violácea aflicão das horas do sol-pôsto, As nossas sombras vão cismando nos caminhos E em meus olhos há um poema e um poema há no teu rosto. E sob as procissões de estrelas em rebrilho, Que nós possamos ser, um dia, dois velhinhos, De joelho, aos pés de Deus, a orar por nosso filho !

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