Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
RÊVISTA DA AÓADEl'ÁtA Í>AnAENSE og LETíiAS -JX- Assim, minha alma embalada Nas ondas do teu afeto, Sendo ao descrer mais completo Atirada pela dor, Inda revive o passado Da lira nos sons dispersos.. . - Geme, em todos méus versos Saudades do teu amor... -X- Saudade - corda sonora Que a alma pulsa comovida Na guitarra entristecida Que se chama coração ... Saudade ! - Tange essa corda, Que essa saudade é bem tua, Que geme, suspira, estúa Aos dedos da tua mão. -XI- Tu és como a ave Inconstante, Que desde o romper da aurora, Nos Jardins, a toda hora, Num voar encantador, De flor em flor vai lncérto O mel de todas 'li bando ... Saudades atraz de!xando Adeus, adeus, belJa-tlor ! -XII- Adeus t ah, nem sabes quantas, Felicidades te anhelo ... Futuro risonho e belo. E viverei satisfeito, Se eu souber de tua parte, Que o que amas - chegou amar-te Metade do que te amei ! * * * Em suma, a bagagem poét!ca de Carlos Nascimento daria matéria para uma prolongada tertúlia, onde tudo há que aprecia r, neste vôo sublime do esplrlto, em busca do Ideal, ou melhor, na co,ncepção harmoniosa do Universo, pela elevação do pensamento até o mundo das perfeições. Só a Academia Paraense de Letras pod<:rá, entretanto, promover a publicação das produções do maguado artista, enfeixando-as em uma Coletânea que sirva de base ao estudo da língua portuguesa nos cursos ginasiais, onde pontificam o Ilustre mestre com o seu saber e a correção das suas atitudes, o seu espirlto de moderação e sacrlflclo, ensinando mais pelo exemplo do que pela palavra e edificando pela palavra, quando não contagiava pelo exemplo. Não quero passar a outra ordem de assuntos sem deixar retratada a perso– nalidade psiqu!ca de Carlos Nascimento numa reportagem autêntica provocada, dias Idos, por um periódico regional. i;; o próprio entrevistado que fala : o traço predominante do meu carater? - A veneração. Entre o Infinito siderlo e o Infinito microbiano, a alma do homem - ponto equidistante das duns extremas lnvislvels - amando, combatendo ou contemplando, - deve revestir a serena atitude confidente da prece e do recolhimento. A qualidade que prefiro na mulher? A lntellgencln : naturalmente com a elasticidade do esplrlto, a Ironia, a graça, a bondade, sobretudo a bondade ... A nacionalidade da mulher que me seduz? A mµlher não tem nacionalidade. E pergl.lll'ta O poeta, para êle mesmo responder : Não é costume dizer que os anjos fazem uma grande patria, que é o Céu? A mulfler faz un, grande céu que é a terra, - patrla de todos nós. 9a poet!'s, com efeito, não podem deixar de nmar as mulher-,s e creio que, neste particular, estamos todos na mais perfeita harmonia, moços e velhos, academlcos ou simples assistentes, pelo menos do sexo masculino.
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