Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

Íiti:VISTA DA ACADiMlA PARAENSE DE LETRAS doso educador dr. Artur Teodulo dos Santos Porto. Em 1916, depois de tormado exerceu as !unções de professor de Português da Escola Prática de Comércio sté se a~astar, definitivamente, do magistério por motivo de enfermidade que O levou ao tumulo. O eminente brasileiro dr. Lauro Sodré, quando Governador do Estado pela seg~nda vez, nomeou-o para reger, Interinamente, a cadeira de Psicologia Lógica e História da Fllosona do Ginásio, até que, entrando em concurso para a primeira cadeira u 7 Portugues, do mesmo educandário, saiu triuntante, tendo falecido a. 30 de maio ae 1926, em Campos do Jordão, como detentor daquela cadeira. . Carlos Nasclm~nto !oi, com efeito, o didata acabado que; adolescente, se en– tregou às 11?ªª do ensino para terçar, n:ials tarde, as suas armas com os doutos em cuJa convlvencia viveu e morreu, só abandonandÕ os Mestres mudos, - os itvros -, quando foi chamado por Deus a cumprir e executar o seu ideal máximo de vontade · amor e pertelçiio, que toram as caracter(stlcas da · sua ré.plda passagem pela vld~ terrena. A sua alma espiritualizada evolou para Deus, principio e fim da sua atividade moral, como descrevendo uma parábola que, partindo do Infinito, atingisse o pró– prio ;infinito, na ânsia de encontrar no Absolutô a Beleza suprema do seu espírito ardente de batalhador estrenuo. A vida de Carlos Nascimento !oi um constante reflexo da sua paixão pelas let ras. Filólogo e poeta, n ão se pode precisar qual rol ma!s, parecendo-nos ainda que ao seu espírito curioso do saber clentilico bem se poderia aplicar -a denomi– nação de filósofo. E !llósoro, realmente, foi êste celebrado cÚltor da lingua portuguesa. Bus– cando a embriogenla da linguagem, nos Interessantes estudos, ,que lhe deram Justa entrada no corpo docente do antigo Ginásio Pa!s de Carvalho, Carlos Nascimento, desenvolvendo a sua brilhante tese de concurso, remonta às teorias mais em voga e metafisicas, para as sotopor, em seguida, ao estudo positivo dos fenômenos lln– gulstlcos cujas leis de causa e efeito perqulre, 1tnalisa e interpreta, com admirável proficiência. Nada escapa ao senso crítico de Carlos Nascimento. Ouçamo-lo· neste conceito lapidar : . ' "A llnguagem é um rato natural, desenvolvendo na sociedade e pela socieda- de, apresentando as suas evoluções as mesmas analogias que assinalam os fenó– menos !laicos, psicológicos e sociais . Essns relações e semelhanças sugeriram aos linguistas o emprego, no estudo de tais fenômenos, dos s!mlles biológicos, consideradas as evoluções vocabulares, de conformidade com os princípios e metodos das clenclas naturais. A ciência da linguagem é, por con~eguinte, rigorosamente experimental. As– senta na observação rigorosa dos ratos ; nesta e tão somente nestes se deve funda– mentar a sua sistematização" (A Llngua Nacional - Ant inomias e paraleJ:s- mos (pag. 11). E destarte busca O método analítico na investigação e demonstraçã.o dos te- nõ1;1enos llnguistlcos sem desprezar as sinteses que são o nat':'ral complemento da– quele processo lógico. Já pensa o Ilustre filólogo, naquêle trabalho de fôlego, que, em éP_oca. lon- ginqua, se dará a separação do por tuguês falado no Brasil, do portugues ~alado em Portugal, vindo a constituir O primeiro, a esperada língua nac:onal ; mas, p:ira Isso, é necessário dar tempo no tempo· e deixar ã obra Inconsciente e demoracta da evolução coletiva, a consumaçllo <10 fenômeno. Entretanto, carlos Nascimento, 11umanista por excelência, bem compreendia que as letras portuguesas da Renasce 11 ça abundam em ctacumentós Cle llun_iantsmo. Camões é o exemplo clássico do humanismo . Alguém Já a1irmou com acerto, que •·os Lusladas" são verdade:ro templo de humanismo novi-clásslco. Dai a necessi– dade que temos, de pugnar pela pureza da língua na có.tedra, como na tribun:1, Utl Imprensa como no lar. E assim entehdla O pãtrono da cadeira que sou chainacto a ocupar neste momento, cujo espírito só se Interessava pela e55encla purll. ctas Idéias, envolvidas pelo atrativo da forma. 911-rlos Nascimento foi, como Já dlsst, um esteta do Idioma pátrio, um aluci- nado da forma. - o aeu. Unguajar escorreito, dlsclpllnado, castiço, surpreenctente, despertava lnterê 85 e por ser superiormente elegante. Aliás elegantes eram "ª ª""ª ntltudes, elegantes 08 gestos, elegantes as riquezas espirituais que o distinguiram entre os seus contemporlmeos, perpetuando, entre nós, o seu nome, como o ue \lm 11mlgo da Arte, profundo sabedor dn lingun pó.trln, cuJn purezn defendia na lln·

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