Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

RÉVISTA DA ACADEMIA PARAENSE ÓÊ LETRAS CARLOS NASCIMENTO E AMAZONAS DE FIGUEIREDO De AVERTANO ROCHA Ao tomar posse de sua cadeira na Academia Paraense de Letras, o dr. Avertano Rocha, atual. Presidente do Silogeu, pronunciou o seguinte discurso : S,enhores: . Só agora é que percebo, quanto é deveras emocionante esta solenidade : a recepção de um acadêmico numa Academia de Letras, onde se reunem os homens de pensamento culto, as Inteligências privilegiadas, os espirltos de "elite", formando escolas, dirigindo consciências, produzindo arrebatamentos na tarefa desinteressada de melhor solucionar os problemas culturais da nossa grande Pátria, onde se reu– nem os homens de saber profundo, operaudo mllaí,res de beleza e de colorido. É uma solenidade que fala aos sentimentos antes de ser interpretada pela Inte– ligência. Sente-~e a magnitude do ato; ao depois, é que o esplrlto discerne, destacan– do aos poucos os elementos do conjunto, dissociando-os, para transformar a reali– dade total, extensa, continua e aparentemente lndlvlsivel num panorama atraente e Impressionante. Panorama que é vida, é ar te, é beleza, por isso que é a capaci– dade de sentir o "belo Intelectual" a desper tar nos outros Idênticos sentimentos estéticos. Nem é decorrente de outro motivo a usança consagrada, pela praxe, de os recl– plendár!os dos sodalíclos dizerem a sua oração em tõrno do patrono cuja poltrona vão ocupar, cabendo-lhes, outrossim, o dever de exalçar o mérito do cultor das letras que os houver precedido ao provimento da cátedra, ordlnàriamentc vaga por fnleclmento do detentor vitalíclo. Carlos Nascimento é o patrono da cadeira que, neste momento, ocupa o ora– dor, por benévola escolha da Academia Paraense de Letras, em substituição a Genul– no Amazonas de Figueiredo que, por aqui passou, deixando traços marcantes da sua brilhante Inteligência. De ambos, são as noticias ainda recentes, para que melhor se firme o Julzo dos seus contemporâneos. Carlos Nascimento, didata lrrepreenslvel, mestre querl– dlsslmo da Juvent,ude brasileira, é igualmente o esteta do Idioma pátrio, mane– jando a llngua ao sabor do seu gênio Invulgar. Amazonas de Figu eiredo, também Mestre da Juventude, é o velho sabedor do Direito, sempre evoluldo e evolu indo sempre, mas, tomando por base dos seus pro– fundos estudos essa construção gigantesca que foi o Direito Romano, glória excelsa de Juristas outros que se perpetuaram na memória dos povos, t raduzindo e Inter– pretando conscientemente a doutrina Juridlca Imorredoura que, ainda hoje, é fonte i nesgotável de exegese no direito civil pátrio. De Carlos Nascimento, então Carlos Elpldlo de Nascimento, respigamos os se– guintes traços blográ!lcos, que nos é grato reproduzir : Nasceu em TUrl-assú, no Maranhão, a 2 de setembro de 1889 : foram seus pais o coronel .João da Mata Rodrigues de Nascimento e sua espõsa d. Ralmunda de Abreu Nascimento. Multo Jovem ainda, velo para esta Capital, onde fez os seus primeiros estudos no Ateneu Paraense, da direção do professor Raimundo Ber– toldo Nunes, passando depois para o Colégio de ,Nossa Senhora do Rosário, do 'dis– tinto educador Luiz DeJard ultimando-os no Externato Paixão. No exame- final do curso primário, obteve distinção em tôdas as matérias. Depois, matriculou-se no Ginásio Pais de Carvalho, onde fez, com brllhantlsm.o, o curso de humanidades. Continuando os seus estudos, matriculou-se na Faculdade de Direito dêste Estado, conquistando, pelos seus dotes de Inteligência, dois têrços de distinção, durante o curso. Antes de conclu ir o seu t lroclnlo Jur!dlco, Já Jecio- 1.1ava In.etrução civica no Colégio Progre68o Paraense, dirigido pelo notável e sau-

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