Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

r- REVISTA DA ACADEMIA PARAENISE DE LETRl\9 'dos Recusado,, tendo alguem os considerado loucos. Entret m to, representam, hoje, valores dos mais altos da pintura universal. Senhor pres ide nte, não me vou deter no exame de alegações de outra na– tureza, ofererecidas, por nobres colegas, contra o projeto ora em discussão. Ex– primirão elas, certamente, uma respeitável e legitima preocupação, que está em todos nós, pelos dolorosos dramas por que passam as nossas populações desam– plradas do interior. :tles aqui têm merecido a desvelada atenção de todos os re– presentantes do povo. E não será a iniciativa em aprêço que vá limitar a Inten– sidade dêsse patriótico empenho para a solução dêsses problemas angustiosos. Nem as nossas popull ções sofredoras ct'eixarão de ter o lenitivo das providências adequadas para as agruras em que se debatem. Nesse sentido, o Parlamento tem sabido cumprir o seu dever. · A história nos ensina que as fôrças materiais das nações também se nutrem das resistências do espirita, forjadas pera cultura, mercê das quais o seu poder de sobrevivência tem superado o impácto das catástrofes . Que admiráveis lições nos ofereceram os povos européus que atingidos" pela maior conflagração de todos os tempos, em meio ao fragor das ba taÍhas e dos bombardeios, empregavam maio– res recursos do que em tempo de paz, para atender aos problem3s da inteligên– cia, como a preservação e multiplicação dos seus museus, bibliotecas e teatros • Em pleno bombardeio aéreo de Liverpool, dizia-me, há poucos dias, um brasileiro, amigo meu ter assistido, com mais de quatro mil ouvintes, à execução da Sétima Sinfonia de Beethoven. . Sr. Presidente, é nos artistas que as gt,l ndes crises da humanidade vão encontrar os seus intérpretes mais eloquentes e expressivos. E são êsses artistas, que. através de suas criações, despertl m uma c9mpreensão mais perfeita dêsses dramas, na cons ciência das coletividades. Senhor Presidente, Senhores Deputados. Outro não é propósito do projeto em debate, senão o de ampliar o estímulo do Estado ao gênio cri:ldor dos nossos artistas, em cujas obras se reflete o espi– rita eterno da Pátria. De nada valem as nações, perante a história, se não souberem legar il po~- teridade uma luminosa mensagem de cultur .1 1" .

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