Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
·aE~'I'.A DA ACADEMIA PAliAENSE · DE LETRAS ~e desdobram e ampliam, transcendendo essa ãre3 efêmera e limitáda, para ,t,ambém se vinéular com os superiores objetivos da cultura. Não podemos senhores deputados, ficar surdos aos inumeráveis apelos que nos ch.egam, nesta hora, dos círculos mais autorizados da inteligência brasileira, em favor· de iniciativas dessa natureza. Os no~sos artistas plásticos vivem o pior dos dramas · - a generalizad3 indiferença, entre nós, pela sua inquietação criadora. . , Perguntava-me, alguém há poucos dias : "Como ê que o amigo, de um·-Es– táció de agricultores, que vivem premidos por tantas necessidades, vem deíertder · êss~ crêdit9 !Ílr_a tima· instituição artistlca ?" E, eu respondi ·: "Nossas •preoéupa– ·ções não ·pode·in cingir-se, apenas, aos problemas eventuais dos interêsses ime– diatos, mas, também, aos da inteligência e da cultura. Para nós, de Santa C3ta– rlna, tanto quanto as colheitas, que são efêmeras, interessa, por igual, à glóri!l permanente de um Vitor Meirelles , So glórias, camo essa, que constituem o pa– trimônio imperecível dos povos e das civilizações". O mesmo diriam, por certo, outT~s regiões nacionais, que também sabem zel9r pelos seus valores, do passado, no campo das artes plásticas. Qué se pronunciem, neste. plenário, os Estados do Brasil. Fale o Ceará, com Vicente Leite ; a Paraíba, com Pedro Américo; Pern1mbuco, com Teles Júnior; ·Alagôas, com Ro5alvo Ribeiro ; a Bahia.' com Rodolfo Amoedo ; São Paulo, co·m Abnelda Júnior; o Estado do Rio, com Batista da Costa e Antônio P:irreiras; o Rio Grande do Sul, com o Barão de Pôrto Alegre, e a velha Minas Gerais, com aquêle legendário mestiço, gênio do barroco nacional, o Aleijadinho. Que simbolo tão expressivo, p 3ra os debates desta hora, no~ oferece a vida dêsse extraordinário arquiteto e estatuário . Se Aleijadinho obedecesse a impul– sos -Imediatistas e utilitários, t er-se-ia recolhidQ a uma Casa de Misericórdia. para remediar os males dos seus dedos, dil3cerado5 pela lepra. Ao revés, continuou até <) fim de seus dias, triste e agoniados, a plasmar, com sua arte e sua dor. a obra imortal que se ergue nas montanhas mineiras. Senhor presidente, se povos mais antigos, de tradlçõe; artísticas e cultu– rais mais profundas, estimulam a criação de novos museus, não serão, por certo, as nações m :iis jovens, como a nossa, que irão dispensar êsses organismos vivos de cultura, instrumentos eficazes de educação ativa das coletividades. 'Ao lado dos museus tradicionais, criam-se, nos diferentes países, museus mais atualiz:idos, dinâmicos, diversos daquêles que se comprazem com as funções criticas çte meros repositórios de quadros. Não poderiamas, portanto, deixar de levar a nossa soli– dariedade àqueles que estão erguendo com nobre idealismo, um novo museu, q1;1e, na medida das suas fôrças .ainda nascentes, tem procurJdo educar a sens ibilidade do povo, através de cursos, exposições, conierê ncias, publicações, cooperando, · enfim, para a criação d :iquêle ambiente indispensável, que faz despertar nas mul– tidões anônimas as vocações latentes para o oficio grave da criação artística. Felizmente, senhores deputados, não se levo11 ao debate a questão bas– tante controvertida dos rumos e dos conceitos da arte em nossos dias. Compre– endemos, que êsses novos itinerários, principalmente os da pintura, embora dêles se possa divergir, estão exigindo de nós outros uma integração diferente nos pro– blemas atuais da arte . A transalação da pintura para outros centros de gravita– ção, que não os tradicionais, veio surpreender nossas retinas, perplexas, habitµa– das que estavam às imagens convencionais do mundo visível. Uma noy3 s intaxe, vamos dizer, transfigurou, nas ruas raíses, a linguagem plástica contemporânea . Entrega r am-se os artistas a ousadas expe riências, que a nos não ca be reprim_í,-Jas, ,pois, qua ntas- v ezes n ão se contém nessas rebeldes manif~t agões,_ o~_g~rmes da . :expressão plástica- do futuro. . O gótico, considerado bá rbaro pelos renascentistas itoUa nos, figura hoje . como um dos capitulas nnis belos da a rte. As mesmas restrições sofre u o. b a rro– co. A histór ia, mais recente, nos revela qu~ 0 Sqláo Oficial de Pa~ís í oi fe~ado a Renais, Manel, Monet , Cezanne, P rnsal'ro e outros, que foram reunir-se no Salão . ' -ar
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