Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
Com a mesma- convicção com que procur ei defender. neste plenário. assun– tos ligados a questões econômicas e sociais do meu Estado e do pais, como a dra– gagem dos portos brasileiros, I\S r.cívíndicações dos trabalhadores das minas de carvão de Santa Ca tarina, o problema fronteiriço, o da madeira, do crédito agrí– cola, do salário mínimo, etc., apresentei a pr,lposição, ora em debate, que des– tina um crédito de dez milhões d.e cruzeiros (.Cr$ 10.000 . 000,00), para inicio da construção do Museu de Arte Moderna, do · Rio de Janeiro. Representante de Santa Catarina, senti-me perfeitámente ã vontade para propugn3r por uma ini– ciativa cultural, que tem por sede a Capital da República . Ê evidente, porélp, que ela é menos do Rio de Janeiro, do que do próprio -Brasil, pois pJ!r,a a9ui · é tJUe afluem as vocações das províncias, em busca do seu aprimoramento artístico. Nos limitados minutos que me cabem.não poderei focalizar os múltiplos as– pectos das atividades do Museu de Arte Moderna. Em pouco mais de um· ano de funcionamento, maís de 50 mil pessoas já vísitatam as sete exposições que pro– moveu, Há dias, inaugurou a do grande pintor Cândido Portlnarl. A E'xpos.ição de Arquitetura Brasileira Contemporâ nea, que tanta repercussão teve-:-e não é demais assinalar a notável contribuição nacional na renovação dá arquit-etura dos nossos tempos--iria percorrer a Europa tôda . Pelu primeira vez, e por intermédio do Museu, o Brasil, pôde admirar numerosos trabalhos de Goya, e, opoI'tW1amente vindos também da Europa, apresentara ãquel3 Instituição, importantes ·"~osi– ções, como de Van Gogh e Toulouse Lautrec. Teve oportunidade o nosso povo de ver de perto, através de outra iniciativa do Museu, peças magní.ficas da tape_ç_a– rla moderna francesa. Alguns milhõ~s de cruzeix:os, sem o menor aux.ílio .o(icial, tem êle dlspendido para sua m :mutenc;ão . E tal é o ioterêsse dos nossos meios artisticos. pelo seu desenvolvimento, que valiosas peç,as lhe foram doad,as p,or pintores brasileiros, num expressivo gesto de despreendimento e coopera,i;ão. Ê que êles compreendem o alto sentido daquela organização, que é, em últi.ma an,á– Use, a sua própria casa. Tenho testemunhado o carinho e o devotamento dos que a dirigem, oem como o rigor e o zêlo com que são aplicados .os recursos que se lhes destinam. O Museu de Arte Moderna, diante do impulso extraordinário que ve":' _toma nd º ' _pretende ·expandir-se, tendo obtido, para ésse fim , da Prefeitura Mu'.11c1p_a1, uma área situada nas proximidades do calabouço, com o fim de const:wr ah, a _sua sede definitiva . O arquiteto Afonso Eduardo Reydi já está concluindo o pi::oJ.eto da importante obra, que estã orçada em Cr$ 50 . 000 . 000,00, sem contar as ,des– pesas com as respectivas instalações. Teremos nesse empreendimento, local •para exposições permanentes e temporárias, docume ntação, biblioteca, fototeca, filmo– teca e discoteca. o edifício contará, ainda, com auditório para conferências, ,pro– jeções e concertos, sal1s para cursos de pintura, desenho, gravura. modelag_em e escultura, destinados a adultos e crianças ; laboratório quimico e fotogi::áf1co, "atelier" para conservação e reparJção de obra de arte ; oficinas de carpintaria e eletricidade ; seção de encadernação de livros ; pavilhão para cerâmica, etc. •Propõe-se o Museu realiza r uma tarefa de amparo aos artistas. com a criação de ·uma cooperativa que lhes permita a aquisição de material estrangeiro ou nacio– nal, por preços mais acessíveis. P a ra obra de ,tama nho vulto, o que se pede dos poderes públicos é uma contribuição de Cr$ 10 . 000 . 000,00 . Da justiça dessa iniciativa falaram bem alto os artistas, os jornais e as revistas do Brasil. .E, nesta Casa. a Comissão de Edu– cação e Cultura e a Comissão de Finanças, a valiando "devidamente a impQl·tân– cla daquela organização, m anifestar3m-se favorã velmente ao projeto. Senhor Presidente, a Câmara dos Deputados, repDesent ando .os interêsses t~tais da nação, tem, por Isso mesmo, deveres _para com os probJem_as .dll .Cll.l.t.ura, . nao lhe sendo licito .favorecer O .divórcio da ação politica com .a da ,inteligência . Nossa m issão, nesta Casa, não se limita, ape nas. é óbvio, as atividades pollticas, n em cessam os nossos com promissos nas fronteiras dos problemas mate riais, mas
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