Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

J REVU!'l'A O.A ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS 12!! O nosso esfôrço, portanto, tinha sido compreendido . •As corplssóes julga– doras inic !ar.am o seu importantlsslmo e rigoroso trabalho, selecionando as obras . E nas sessões extraordinárias de março e ·abril do corrente ano apresen– taram os seus pareceres . A comissão de poesia foi unanime em proclamar o valor , poetico de Max Mart.lns, classüicando a sua poesia como uma poesia •de nervos, marcada de um sensualismo Ingê nito, havendo em seus poemas como que um equillbrio de ritmo e substância, preocupando-se com o sentido univj!rsal de seus poemas e . com a interioridade das coisas. Diz ainda a comissão qu~ •O autor de "o Estanho" de– nuncia acentuada melancolia em expor o seu pensamento por imagens e sim– bolos, pressentindo-se nos seus poemas o lirismo sentimental e Q !nUmlsmo de cen:is e quadros domésticos. Entrevê-se, todavia, diz o julgador Bruno de Me– nezes, na sua poesia, um roteiro predeterminado com vagos ceticismos contem– por[meos, porisso mesmo sem as vulgaridades habituais nos estreantes. Sobre o candidato Cauby Cruz a comissão também foi unanlme em reconhecer nele um poeta de gra nde futuro, sem possuir, entretanto, o valor já presente e ine– gável em Max Martins . E por Isso mesmo diz a comissão "não ·resta duvida fluirem do,: poemas de Cauby Cruz impulsos de objetivos · passionalisslmos, trnnsmitldos con, amo rosos tcrnurns líricn,;, que de veriam •ser contrabalançadas por um sentimento de humana comunicabilidade. Dai sentir-se que o poeta está naquela fase de personalismo sentimental, vivendo abstraido ,do coletivismo que o cerca" . Decidiu a comissão conferir o primeiro prêmio a Max Martins e a menção honrosa a Cauby Cruz. A comissão que estudou os dois romances foi também ·unanime em pro• clamar o valor intelectual de Mecenas Rocha, desclassificando o outro candidato, que apresentou o romance "O Jornalista Esquecido". A respeitd' da obra de Mecenas Rocha a comissão diz que o livro se com– põe de 159 folhas dactilograíadas em espaço dois, dividido em três partes e em 57 capitulas. No romance "Pax" seu autor expõe amplos conhecimentos da vida dos santos, que preferiram o martirio às belezas do amor e no capitulo ''Sensualismo" h á cenas de Intensa vibração em que são partes o Padre ,Leo• nidas e Maria Rosa . Analisa a.Inda Mecenas Rocha tõda a trajetoria de sofri– mento, de angustia e de dor que avassalou o solo polonês com a tremenda guer– ra de 1914. São páginas amargas, delineadas com clareza e segurança, onde Mecenas Rocha relata os Jatos à margem da história dos paises beligerantes. O enredo do romance PAX tem sequência, 0 estilo é fluente, conquanto algo empolado, e o autor não se descuida quando às exigências da gramática - 0 que nllás não é de surpreender 8 ninguem, sabido que Mecenas Rocha, como cronista e conteur tem brados darmas no melo intelectual paraense. Conferindo o prêmio "Inglês de sousa" a Mecenas Rocha a comissão afirma que o merito da obra sobrepuja as pequenas falhas técnicas de romance por acesso existentes no seu livro. A comissão que julgou a obra de teatro proclama o valor do brilhante jornalista Mario Couto, autor da peçp "Bem longe de Deus ..." E diz que ·•M;,rio Couto com 8 cautela de um velho animador de cenas, construiu traba• lho teatral de relevo. São quadros de envergadura, com diálogos Intensos, que prendem pelas emoções que nos caem nalma, em instantes de Imprevistos arre– batamentos. O terceiro e último atos são surpreendentes pelo calor Intenso do entendimento entre os personagens, calor comunicativo que nos abraza e que nos f:\z estremecer, tais os surtos, com os seus vislumbres de tragedla . Diz que Mario Couto, como um psiquiatra, um retratador de almas, abraçou a dlficil literatura do teatro para nela imortalizar seu nome engrandecendo as tradições cu!turals de nossa terra . Os candidatos Inscritos que disputaram os prêmios de conto e ensaio não obtiveram clusWcação.

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