Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

.. REVISTA ·oA · ACADEWA -- PARAÊNSE .oi ~~ J 121 A CATASTROFE de PAULINP DE BRITO Por ocasião do n aufrágio do couraçado "SOLIMõES". Recitada numa festa de ca ridade em beneficio das familias das vitimas. Como é belo morrer, quando a 'batalha desdobra o quadro tétrico que alterra ! · quando em chamas é o ar!• quando a metra1ha tinge com o san gue dos her6is a terra ! . Como é belo morrer, quaudo é mortalha pátrio pendão, que para n6s encerra tudo quanto é de gl6ria. e luz oriundo, tudo quanto de amor temos no mundo ! Slm ! E mui bela a morte do soldado quando no campo da peleja expira : o gladio em punho, o busto a melo alçado, sonhos de glória nalma que delira ... E depois . . . e depois . . . como arrancado do fundo coração, de onde partira; à P átria, que êle amou e honrou morrendo, mandar um beijo no extertor trem ento Sim ! Ditosa a valente marinhagem que depois de prodígios de herolsmo, como epílogo ao drama da abordagem, desce do oceano ao tenebroso abismo 1 Ante os rasgos sublimes de coragem, transfigura-se o horrendo cataclismo : é que, do amor a pátria no transporte, é luz a própria escuridão da morte ! Porém nas solidões do mar sanhudo, entre as águas e o céu, que se desdobra, quando nas cristas de um rochedo agudo da tempestade se completa a obra, como é triste morrer longe de tudo, morte Inglória, num barco que sossobra ! e dormir sobre o leito dos escolhos, sem mão amiga que nos cerre os olhos ! Neb poder esperar que venha um dia, lacrimosa, da espôsa a Imagem bela, contemplando essa bruta pen edia, cheia de mágua soluçar sôbre ela ! Nem consôlo na última agonia, nem sepulcro nessa água que enregela ! Clam.ar no último arranco : "ó Pátria amada" ! e a mort.e responder : "Já não tens nada !u Mentira ! tem a Pátria lacrimosa ! tem a prole querida que o pranteia ! Pais sem consôlo,- espôsa desditosa,· tôda a humana e dulcissima cadela ! E ao pensar no que delxa a mente :m elosa, horror maior ao peito senhorela : e num dellrlo atroz, que não se acalma, maior morte, ao -morrer, se leva nalma !

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