Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

1_1!1 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS se <;ia Silveira na ·prosa, sem falar em José Américo de Almeida, figura à -parte, de relevo excepcional, . e Augusto dos Anjos, o incomparável. . Como s~ vê é tôda uma legião, que desfila e vai passando vitorio- sa, no esplendor de uma arte que enche o horizontes, acoimada de ir– .reve-ren.te , porque ruma e rola sôbre os destroços das idade, sopra:r;ido o fly-tox da sua musa e apagando a poeira do rapé feudal, que já nos su- focava. ' ·, . Nesse desfile está o cantor paraíbano do "Caminho Cheio de Sol", de nervos serenos, inteligência penetrante, alma de grande sensibili– .çlé\d~, que -apreende e comenta a natureza e os fatos, a vida e o homem, ~m .pinçeladas r ápidas, rápidas como o momento que possa, que foge, que giilopa, no tropel confuso da existência -moderna, tumultuária, fu– gaz -e a despejar-me numa caminhada desabalada, que é preciso seguir e voar:-lhe na frente. para focá-la, para fixá-la. E tem garbo, êsse falangiário, e seu versejar se inunda dessa ele– gância; e toma a forma das idéias, e palpita, ~ estremece, e as vibra– cões não têm r csonanci;is baloufas e enfatiras, mas o toque de um ritmo que ·nos a t ráe, q,ue nos l::hama e nos convida ao gozo dêsse barulho de rajadas de jazz- band, mas, que se or questra, que se harmoniza, e sóbe, -igual até nós, ·numa ascenção divinatória, em cambiantes de arco-íris, e sombras e .penunmbras e luz clara, de luar e de sol. . . : E êle cauta, como imprecando : Homem triste : Os caminhos que vão para o ocidente estão cobertos de saudades e. agonias. -: ' . Os homens líricos da tua r aça ao longo dele derramaram o vinho amargo dos desenganos, a tristeza ancestral das suas dôres. Ha tanta luz no oriente ! Caminha para o lado de onde vêm a luz. Porque foi que tua alma acreditou no paradoxo inexistente da tua dôr ? Não -vês que essa melancolia não é mais do que o grande anceio místico que -eleva o teu espírito para a alegria ? Homem triste · · ergue com a fbrça do teu rítmo a alegria serena da tua voz. Deante de tí, repara, a terra tôda é uma oferenda de amor e de saúde á tua anciedade ; à tua juventude. E o dia canta e baila sôbre os montes azues. E a Vida, a Vida abre-se em claridades às ansias élo seu sonho . . com um caminho cheio de sol ! Homem. triste : çaminha para o lado de onde vem a luz. /

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