Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

,r r RJ!:VIS'l'A DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS traliza as energias da vontade e a isola numa laboriosidade não isenta. de de– s,.ire. Ela o _não privou do co.nvivio nobilitante dos belos ideais ; tão pouco lhe afroux.ou a austeridade ou diminuiu a tensão ao escrúpulo com que discernía ~s· · causas propostas ao seu patro~Inio . O ca us.ldico admirado p elo talento e a pro– ficiência. ainda. mais 'porventura se impunhs1 pela ética irrepreenslvei. Da advo– cacia, .t ã o larga!Jlente exercida desde o consultório em Santos até o Rio, onde sé estabeleceu com a fundaç5o da Re pública. havi!I éle de tirar elementos para uma :1lta .reputacão. que veio a culminar, por saber. moralidade e conciência, na gama do jurisconsulto. Os frutos opimos da sua cultura e prática do dire1- to recolheu-os o p ais, a s ociedade, a ciência, a instrução superior :· foram os s á– bios ensinamentos do cntedrátlco d.a Faculdade de Ciências .Jurid.ii:as e Soclai!! do Rio de .Janeiro ; foi n a sua presidên<;ia do Instituto dos Advogados ; a cóla-~ boração nos Congressos .Jurídicos e no Congresso Pan-Americano ; os lumino– sos pareceres e razoados produzidos perante os tt'ibunais : a sua contribuição p ara a r e(orl'1'l'.1 do processo ordinário e sumr,rio ; são as obras com que enríque– ceu a - nossa Jlte ra tura jurídica, notadamente Titules ao Portador, pelos com– petentes considerada clássica. e outra "obra mon~mental": que· é, l;\0° parecer u'"lâ nime ,dos seus Pares d" Câmara dos Deputados o pro3eto de Código Comer– cial. Só este projeto. disse da tribuna uma voz autorizada; basta pará que a memória do a utor º"permaneça vívida entre os cultores do direito e· benemérita na pátria e que éle b em serviu como político, como jurista e como liomem". Sob o aspecto propriamente intelectual e da ação, ainda outras formas assume a descomunal capacidade de Inglês de Souza. O seu pensâmento, abs– traindo dos preceitos jurídicos e re'!ras processuais. logrou descortina r outrâs esferas, onde atuava e tanto mais se comprazia quanto eram esferas concên° fri"cas do direito. No circulo m áxi mo des te viu Pie a política, e a politica é de fato uma das fôrças em que lhe decompõe a prodigiosa atividade. Caráter equi– librado, desconheceu certas oposições. i,ntes lógicas ·que naturais, que 'discri– minam os espiritos teorices e os espiritos práticos, e ;,utras que interdizem ·o a joelhar ante o altar da beleza e Aqu~les que se alis tam na malicla da vefdàde. Mais plástica . mais compreen siva e humana é a ,;ua natureza. Nos jardins de Cipião, em alguma daquelas conversacões que enchiam de graça e luzes de sabe– doria as t~rlas la tinas, e onde sob a forma de amena controvérsia se manifesta– vam os eternos conflitos do real e do ideal, êle poderia conciliar os pontos de vista ,de Philus e do L aelius, éste preconizando como o estudo mais digno do homem "as ciê ncias que nos fazem úteis à república'', aquêle pugnando p·or que não renunciemos as "verdades sublimes", neste ..universo que os deuses · nos deram por morada". Na tolerância do seu temperamento neutralizam-se; :fun– dem-se todos os a ntagonismos, e de ixam de altercar tendências e qualidades que um arraigado preconceito sepa rou em a ntinomias necessárias. São sem conta as vitimas do õrro. da ilusão e da perplexidade n a escolha do ca,riinho p ara êxito. Inúmeros são os loucos, como lhes chamou Marco· Au– Télio, qué fatigam · a vida em acões sem escôpo definitlo. L amentáveis sobretudo aquêles que, atormentadas pela curios idade metafisica de certos problemas :nu– mano~. esboçam apenas na consciência asu stadiça vagos desejos e aspirações sem fin,.,Jidade. A sociedade abriga em seu seio multas d essas a tividades· sem órbi"tà. Afora o que delas utiliza O instinto da conservação, n ão se sabe quais o'utros fins as solicitam de veras, porque andam de experiência em experiência, tornandô d e rumos que p ar eciam, bem encetados, acumulando funções para que não são idôneas, arrostando em prêsas que muito mais vigor demandam . A concorrên– cia de objetivos, em tais casos, não s ignifica ductilidade, mas volubilidade : n ão é uma qu;:ilidade da inteligência, é um defeito do caráter. Inglês de Souza teve a fartuna de nunca errar caminho, êle que t antos percorreu, e a ventura maior d e ver br:>tar em cada trato lavrado pelo seu esfôrço, com o favor dos dons apa.rentemente opostas que o p riYilegiavam, uma obra de utilidade, um primor de in6piração social. Dispersou-se, mas sem de!lperdlçar~e . As tarefas em

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