Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

f .J R'!1JvÍ.àfÀ DA AÓAQEMiA PARAENSE DE LETRAS "Ela então, estendeu a mão, com um sorriso líquido, em que se lia um misto contraditório de sati_sfaçã.9 e de angústia ... . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . ... . .. . . . . . . . EVOCAÇÃO - Isso foi há muitos anos, - concluiu o meu interlocutor. E •como êle nada mais ·dissesse do passado sôbre. o qual, parece, havià caído a opacidade de um véu· misterioso, puz-me a pensar, como seria essa mulher encantadora, que na minha imaginação figurava num céu distante, recamado de constelações. . "i Aluísio Pena,. meu amigo, em cuja fronte, os impulsos generosos pareciam ter nobre guarida, iicou por momento contemplando a visão longíqua, que representava u'a aventura de antanho a que passara pela sua vida, com a violência, que passam, açQitando as árvores, os tempo– rais formidáveis ... . - O qu~ acabo de te narrar; embora seja verdade, parece uma his– tória romanelica. Agora, pergunto : vale a pena ter tal predicado, que tantos malsiriam? - De certo que vale, --'- respondi. O romântico sofre mais sob e imperativo da imaginação, mas a ~ua felicidade é mais exuberante ; seu idealismo, mais desenvolvido, e sua compreensão da vida, mais bela. Para que êle, porém,. não caia nos desvarios, arrematei, -;- precisa se apoiar num sólido fundo de honestidade. Qs fatos morais tomam em nós, determinadas diretrizes, conforme a dose de romantismo que vive nas nossas almas - dizia Coelho Netto. - Penso exatamente como tu, meu caro. O que é a vida sem· i.tm pouco de ilusão ? Não soinos máquinas de calcular. Somos huinanos. Se o realismo torna a existência cheia do -prosaísmo -banal, que tanto se avisinha do tédio - o romarit'ismo é que fá-la ser grandiosa, i>orque dá fulgor aos anhelos da nossa alma. . . · . . Disse, e ficou olhando o horizonte amplo, onde a reeordação na forma de uma miragem, qual o toqu~ de 1:1ma cªmpanula enorme, f~i lentamente se esvaindo no ar, como um queixume de saudade ..·. , ' 1

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