Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

REVÍSTA DA AÔADE~ÍA ~ARAENSÊ DE LETRA~ ração repugnava aq~elas vinganças de acaso. numa sllposicão oti– mista, que talvez a f1ze.ssc sofrer. . .. E só isso o enchia de comp~ixao. . _ Quando chegaria o ponto flnal daquela situaçao ? per- guntava-se. • · d Porque as paixões crescem com as_ dif1culda es. . . . . Muitas vezes sentia-se iradp por nao poder tomar m1c1ativa. _Mas como '! Porque ·! ::;e nada havia de real, e .tudo era febre da !ma– _ginação . . . . . d 1 t · t • Quando não a via, a imagem e a na sua m_en e parecia ornai forméj.s" êstra11has. 1Jep01s e1·i1 .u~? saudade exo_ues1t~•.permanente, de acantecimentos recentes e tuv1ais mas que se relac10navam com o seu .grapde amor. INCIDENTE Até que um dia os acontecimentos aproximaram-se do desfêcho. Umas amiguinhas, em casa de quem há muito não compare- cia, indagaram do motivo da suã ausência. ll:le podia ter dito: ''obsessão por uma mulher". Mas calou-se. - Uma amiga noss~ é quem dá notícias tuas. Lúcia Lima, conheces'! - Não. Não me lembro quem seja, - respondeu. - Sim ·t Nao te lcrnui·a:s ·t Mas ela te conhece, meu filho, fez uma delas com ar cômico. Mora na São Braz, e é do Ginásio. tle pareceu lembrar-se. '-- Mas afinal de contas, que tem a Lúcia. - Fala tanto de túa pessôa que só havendo namôro. E é dêsses ·amores desprezados, pobrezinha ! ... ~le não oôde conter o riso. - Isso p°arece trote, disse bem humorado. E no fundo ficou precavido. Mesmo que fôsse verdade, só se pode estar apaixonado por uma pessôa. Lúcia podia ser muito bôa pequena, mas a outra é que o absor- via inteiramente. . . Depois 1 aquela história que ~s meninas estavam contanjo, pa– recia se.!11 pes nem_ cabeça. Acabaria na certa, em disparate. Pro– curou nao falar mais no caso. .Mas aí, -::- n~ qizer de Aluísio, que me fazia a narrativa, - deu– se a mtervencao d1vma. Nós estávamos n9 terreiro da vivenda, num descampado que ia dar na baía. Caía a tarde. 11:le prosseguiu : - No. dqm~ngo~próximo, como .aniver~ariasse uma das minhas cama~adas, msist1ram ,elas para Que, fo~se esticar um pouco as pernas. A casa era _na Trave_ssa Pad~e Eut1quw, e.m. Batista Campos. Lá fui. Tpcava-se piano. A vivenda tmha um ar festivo. Na sala alguns pares dançavam, ao som alegre das vals1;1.s de Berger. - Lembraste da -..Nuages roses" ? . Entrei e fiquei pela varanda para cumprimentar os donos da casa. De repente, ouvi uma voz por traz de mim : -Até que afinal, seu fingido ! Era a aniversariante e outra jovem. - Aqui está a Lúcia. É encantadora. Mas já se conhecem , . Como _um~ pessôa que escorrega em degrãu, - continuou ·Alu1s10, - f1que1 atarantado e surpreso. - ~(leia, meu caro, - era a mulher d?. festa do "Internacional" e era a Jovem com quem me enco~t1·av~ chariam_ente. J\:ra a heroína do m Pt) gi:_ande amor, e Q'ue de ha muito possu1a exclusivamente 0 meu curaçao. ' I

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