Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

,,, I 1 REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS OCRIME DE DONA BEATRIZ CONTO DE RAUL DE AZEVEDO (Sócio-correspondente da Academia Paraense de Letras) 97 _ Eramas cinco, no bar, àquela hora deserta. Ao cant o do grande salao. ao redor d11ma d as mesas, c-onver sav amos. Todos amigos traça– vamos idé;as. r eviviamos n 4ginas da riossa v ida mov imentada. 'Rel em– bramos. cênas. opisód ios. Uma noite de r ecordações. Ao fundo, a orquestra fatigflda mecânis ava val sas dol entes de ~t rauss. O moro ouP. nos servia 1snrrindo, ia trazendo os "whiskys" com ag ua m11 1 eral. Urri dos nossos. então, aventou a id éia : - E se cada 1p n d e nós cont asse a história mais interessante que soubesse ou oue se tivesse passad o consigo ? Assent imo«. E conwr.aram a ser desfiados os casos. A lgun s cômi– ros, outros dr"lmáticos, - todos porém interessantes. Quem na vida não t em uma história a contar ? Ou m uitas históriai:; ? Roberto - Roherto Monteiro rla Silva Moreira - 40 an os bem vividos. via iado, médico, estava caJado. Escutava. Mordia o charut o a o canto dos láb ios. Narrar ia o acon tecimento mais sen sacional da sua v id a ou o q 11e soubP.sse de m a is emocional ? F a lou . d epois de a lgu ns m inutos de silêncio: - Foi h á a lguns anos. A história é ver dadeira e comovente. Ape– nas mudarei os nomes das p ersonagen s. Princípio p r ofissional. Todos nós ficamos de ouvirlo a lerta. Roberto era um hom em in– teligente, simpatisado m édico de grand e clínica. Prestamos tôda a atenção. ' - Foi h á oito. d ez anos t a lvez. Clinicav11 no Am azônas, aquel a deslumbrante terra dist ante que O brasile iro não conhece. Tinha m u i– tas rela c;-ões, e entre essas a dum casa l distinto, pessôa_s de relêvo e des– ~aque, que v ivêra ant~s no interior, n a região da borrach a, chamada Justame nte o "'Ouro Negro". . , . Cl:egamo-nos m a is · para O n a rrador, já interessados pel a histo- ria que iamos .conh ecer. - Certo dia fui c ha mado pa r a v êr o. único filho ~o casal. Não es – tava passando b em o m enino, que poderia t er uns se~s anos. Uma 9u duas p equenas e isensíveis manchas n a p ele, impressionaram os pais. Podia não ser nada, mas podia ser tudo -- concluíram. _ . . Examin~i d etidamente O garôto. Fiqu ~i impressionado. Nao adian- tei nada, - d1sse que ia fazer umas pesqmzas e exames, para dar um diagnóst ico firme. . E saí estupefacto. F iz pesquízas e exames. O diagnóstico quasi firmado, estava agora, infelizmente, desgraçada mente assente. Mas o modo porque fôra contra ída a doen ça ? . • Resolvi conver sar com os pais, isoladamente. Tmha a am1za d«=; e a confia n ça d eles. E os d ois viv iam aba tidos com aque le m al do garoto que n ão sabiam o que er a e tin ham mêdo d e ad vinhar . , Procur ei o p a i no escritório. Er a um a dvogado n otave_l, o Dr. An– tônio Silva Bandeira Ribe;r 0 homem d e inteligência, sagacidade e cul– tura. Pedi-lhe para examiná'-1 0 . Nada. E em fórm.a suave de pal estra interroguei-o sôbre a sua .familia, casos de moléstias, anteced entes.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0