Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

complicadíssima de amôr. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. • ,• ........ ; .. . Falei amarguradamente da vida. Desentulh•ei de sob o doirado das aparencias falazes tudo quanto ela tem de des– presivel e él('!· máu. exnonrlo-a. nos seus mais repulsivos as– pectos, à luz crua de investigações crudelissimas. · · · · · · ·i ~~~~i~i.' ~;1~ · ~~~pir~-; ·· · · · · ·· · · · · · ·· · ·· · · · · · · · ·.' · -Ah, Cee-onha !. . . Você é que é feliz . . . Feliz porque ·não sofre .·..· feliz porque nunca sofreu ... · .. ' ... :...:.. -F~li~:::. ~~ .!. F. 0 tli~ -p~~q~~. ~ã~- ~~i~~ !::: ·F~Ü~- Í>~~: que .núnca sofri !... Até narece ironía .·. . É que você não .me conhece. . . É que você 11.ão conhece a Via Dolorosa por onde· venlto arrllstando, banhado de sangue e coberto de pó, o nêso da minha crn7, ... Pelas nerlras do caminho vou dei– xándo, em fragmentos, a alma dilacerada ... Moço, meu co– ração refloresceu aos sua,•es efluvios de radiosa primave– ra. . . Amei. .. Tive mnJher e filha . . . Depois . . . Depois ... ......:...:..e,; i,~~c1~~~::: -~ i~~ -ci~;~~t~·.·_·.. As· ~~i~t-~~a·s· ~~~ci;; desJ1narecidas. arrebatarias no turbilhão do vício, arrastando r.onsigo, na Iama de tôdas as misérias, meu nome e minha honra ... E rápido. arrep1mdirlo sem dúvida de estar a revolver rl"lntro fie si propri•> aquelai, ama r~uras eternas, voltou-me htÍ,-.camente as costas e afastou-se. indo debr uçar-se maqui– na lme'lte sôbre o balcão nolido do botequim mediocre, na , compo!<tura bea.tifi<'a de um resignado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ' .......... . ............... ... ........ . Por uma noite clara, do alto do céu estrelado e azul, o Iull.r derramava sôbre a terra uma suave pulverisação de luz. De roldão alegria numa polvorosa que a nossa mocidade tr.efega justificava, invadimos estrepitosamente o botequim do Cegonha. -Acorda Cegonha ! .. . Olha que te furtam a casa !... Mas, ao passar-lhe confiadamente a mão pela careca lusidia, na qual a luz elétrica do estabelecimento se espelhava de ma neira estranha. r ecuei assusta.do, de olhos esbugalhados, a a lnia aterrorisada a espiar para fora pelas puJ>ilas acesas. ' O Cegonha estava morto . .. ~fatara-o o coração . . . Aludi no exordio desta exaltari'io ·aos predicados morais e inte– lectuais de Natividade Lima e Olavo Nunes, que só as imposições de amizade desculpam a minha entrada neste recinto do Saber. É que, não fora tangido pela bondade de Olavo Nunes, Jorge Hurlei, Osvaldo Viana, certo nfio estaria entediando, f urtando a uma as– sistên cia t ão ciosa de cultur a, a fidal<:!uia dêstes instantes de atenção. Estimulado pela boa von tade de amigos de tal estirpe, que foram ao ~u 1<e dos impulsos t:1;enerosos col igindo os meus livros éditos, e com– P'7lmdo-me ?- j ~stificar a m;nha solicitação da poltrona de Nativ idade Lima, penset nao deveria declinar da nímia defer ência com que me cumulavam. ·-· · . ~ 1 ,. •

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