Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

l REVISTA DA ACADE:MIA PARAENSE DE .LETRÀS da agreste fruta do mato, madura, a oscilar no galho ... Para as almas forasteiras, tuas umbrosas mangueiras são refrigério e agasalho .. ." ......... .. ............... ................ . . . ........... ... . . "Os teus olhos pretos, pretos, onde a luz foi se abismar, têm dentro dêles discretos pirilampos a brilhar ... N êsse mistério desvenda lindo sentido de lenda minha alegre alma aldeã : e lembro o sol escondido, prêso, apagado, adormido, num côco de tucumã . . ." ...... . .. ,· . ...... . : ..................................... . "Belém. cabocla mN·Pna, como tú outra não há ... És bela como a açucena, como a. flôr do manacá ... Tens ainda da maloca o cheiro da priprióca, o aroma do resedá... . Andando, tremendo os seios, lembram teus langues bolêios ardencias de tacacá ... No conto, na fantasía, no r omance ou na novela, quem mais se afir– mou e produziu na pleiade q11e divertiu Belém iluminada a lampeões de gás, foi Eustáquio de Azevedo. Os demais Mosqueteiros das .rimas que o cercaram deram frutos opimos, mas em safra reduzida, na co– lheita daquelas sementes. Não obstante êste reparo, Olavo Nunes .quando recepiendário de Jaques Rola, nêste cenáculo dé Platão, burilou para o ato um estudo erudito, louvando a velhice criadora e gloriosa dos homens de pensa- mento. É uma oração conceituosa, em ouro macisso verbal, esquemati- zada em sábia interpretação da idade humana pré-invernosa, dirigida ao companheiro de estroinices, e que: em cerimônia suntual recebeu, pela palavra perpetuante de Olavo Nunes as Táboas da• Lei da imor- talidade. Celinista do verso e color ista da prosa, o irônico satirista de "Musa Vadia" mantém o mesmo aprumo, ao .exercitar o conto, quer na • decorrência do enrêdo, quer n a movimentação dialogal·, no poder descri– tivo, na fidelidade da observação. O livro que marcará, no seu perfil biográfico, o traço forte de conteur, insere a lém de uma dezena de tra bal hos dêsse gênero literário, apenas vulgarizados pela máquina de escrever ... E em síntese, êsses contos estabelecem uma simpatia duradoura entre o escritor e q uem os lê, dada a comédia viva de certos perso.ia – gei:s, os lances dramáticos ele outros, as alucinações doentias de alguns mais, ~s ~ragédias íntim::ts dos que emudecem de dôr, - todos êles galês do propno destino. ·

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