Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

aÉvxsTA oA AcADEMÍA PARAENSE oi ·Ltrii.Ás , t~ aspiravam continuar a caminhada árdua dos hebreus da imprensa iridigena. Unimo-nos, por assim dizer, aos jornadeiros remanescentes. Associamo-nos aos últimos lampejos de suas "boemias douradas", prin– c~palmente com Eustaquio de Azevedo e Elmano Queiroz. Estes nos indicaram a diretriz do sonho, porque, só depois de inhibidos fisica– mente de privar com a alma notívaga das ruas, recolheram-se de vez, não. mais esperando as madrugadas cromatizarem o levante, nos quios– ques da Praça da República, enquanto a cidade reencetava a lufa-lufa costumeira. Nossa identificação com Olavo Nunes ongmou-se rio apreço dispensado ao seu talento, à afabilidade que suscitavam as suas bôas maneiras, sempre artista e pensador, humorista · sagaz, penetrante, jovial como o "Melro", coração sem rancores corrosivos. Nunca se lhe notou decadência ao elaborar suas composições, do que são nítidos exemplos os roda-pés esvoaçantes de graça e sutileza, "Bélem vista do alto" e "A cidade a vôo de pássaro", que constituía um dos atrativos aos leitores da "Folha do Norte". E assim, igualmente, na tessitura dos seus trabalhos ficcionistas, primorosos na forma, dolorosos ou cheios de chiste, .com refléxos de Eça, de Fialho e de Machado de Assis. Possuia o senso da proporção estética, como tentaremos focalizar nesta resenha, tão modesta e apoucada, para exalçar o seu vulto, no cíclo áureo das letcas planiciárias. • • • "Musa Vadia", editado em 1929, na Livraria Globo, deste Estado, com ilustrações e caricaturas do provecto Eladio Lima Filho, um dos saudosos membros deste Ateneu cultural, julgo ter sido o único livro exposto à venda, onde se acham recolhidos os humorismos e satiras de estreia de Olavo Nunes. O autor dividiu o todo dessa obra em duas partes, devido a fatura dos sonetos caricaturais se processar em conformidade com a encenação das pantomimas do nosso parlamento, com títeres e jograis travestidos de deputados... · . E a sua "Musa Vadia" borbolêteia, garôta e hilariante, vespa i~– qu1eta para os nulos kodak de instantaneos felizes para os de valor posi- tivo. ' , N~ "Sinfonia de abertura", para que não julguem 9ue o seu livro e ;ima feira de bonzos acacianos, 0 poéta declara que, ef~t1vame~te, tam– bem se concretiza no volume um preito de afetos sublimados a pessoas de sua intimidade. "Abro-vos, de par em par, as portas d§ste_ Templo P~gão. Ides encontrar lá dentro na consagraçao inocente d.esses versos, sujeitos ilustres, t~dos do vosso trato cotidiaP?· Jo– eirou-os velha camaradagem afetuosa, ou profunda s~pa– tia intelectual ou respeitosa admiração. É uma s~leçao de honra. E send~ assim, certo não ingressariam em t~o ~ustro– sa companhia indivíduos que me fossem estranhos, md1_feren– tes ou desafetos : o que exclue por completo, neste nso?ho recreio espiritual, todo e q1:1alqú~~ sentimento.de desc~ns1de– ração ou irreverência. E s1 algumas vezes o meu lap1s,. por muito rombo vincou de um traço mais forte de humorismo v ivaz esta Ol; ·aquela· fisionomia, isso ~e".e ser levado er:n conta da sinceridade com que procurei fixar, nos seus ~eh– neamentos, a intenção caricatural. Alguns já se part1rarq

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