Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
REVISTA l)A ,\C:AD!!JM!A {'ARA.ENS!!l DE LETRtA.a versos de Natividade Lima, tentamos oferecer ao julgamento daqueles que poderiam ter prestado o seu culto reverente à alma poética do ma– vioso bardo, o que ainda podem fazê-lo, lendo os poemas do "Musa Boêmia". De mim, estou capacitado de que a Poesia teve um oficiante pri– moroso nêsse poéta de escol, que nasceu para a suprema beleza da For– ma, e regressou à celestial mansão dos astros ainda envolto no deslum– bramento cio seu Sonho. OLAVO NUNES É de pressupor que Olavo Nunes, ao ingressar na arena literária, a sua existência tenha também se integrado na consonância dêsse mes– mo ritmo. Desde as primícias da adolescência, movido por naturais pendo– res ao trato das belas letras, ao ser admitido na falange que o acolhia, o moço curuçáense teve a intuição de que encontrára os amigos de sua predileção. Nascido na risonha e hospitaleira cidade de Curuçá, na pitores– c!J região do Salgado, num município onde a inteligência é um dom de seus filhos, e as tendências para os torneios do espírito têm manifesta– ção prematura, Olavo Nunes seria portador de faculdades tão superio– res que logo o habilitaram a ser um dos pares, entre aqueles que des– frutavam as honras de colaboradores, secretários, ou redatores dos maio– res órgãos da imprensa, que então circulavam em nossa capital. A sua lealdade ao compromisso de união, para todos, na vida 11ormal ou nas sortidas boêmias, infensos a preconceitos e convenções, contrários aos processos do arrivismo, porque orgulhosos de seus galar– dões de pontífices da Arte, - colocou-o, de pronto, cm igualdade de plano no rol dos que o recebiam assim fraternalmente. Não chegara como um catecúmeno que precizasse de preparação para o batismo da publicidade : suas aptidões literárias e poéticas já vinham se revelando com evidência natural. Dispondo de vivacidade em lidar com o verso e a prosa, sem des– cambar na vulgaridade, trabalhando, ao contrário, 1.1m estilo escorreito, no conto como na crônica, na poesia como na oraçãE> escrita, Olavo Nunes, em breve sazonava os frutos de suas locubraçoes e se tornava um nome de vanguarda. Data menos de uma vintena d'anos que nos aproximamos pelas edições quinzenais da revista "Belém Nova", que se fundara em setembro de 1923, e da qual partira:n os primeiros toques de alvorada da Arte Moderna na Amazónia . A minha geração começava a agremiar-se, embora sem roteiros definidos, disputando a golpes de tenacidade alguns centímetros de espaço nos pariódicos ou falhas cotidianas. Vínhamos retardados e sem coesão alicerçada. Encontramos Severino Silva, Carlos Nascimento, Misael Seixas, Romeu Mariz, Martinho Pinto, Paulo Maranhão, Remigio Fernandez, Elmano Queiroz, Eustáquio de 1'\zevedo, Olavo Nunes, no fastígio de sua escalada . Ao tornar-se cstavel a publicação de "Belém Nova", porque não trazíamos capnchos r estritivos aos ·'velhos". nem aos "novos" era com prazer que solicitavamos as colaborações dêsse~ elementos de prol, e as trazíamos à luz, com relêvos de apoteóses. Indolc for jada no âmbio daquela fraternidade a que já aludi– mos, Olavo Nunes foi l:m dos que se tornou assíduo cm escrever para O quinzenário dos considerados nesse tempo a mocidade, e que
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0