Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

!lO REVISTA DA ACADEMIA PARAENSE DE LETR,A~ _ Súbito, Elisa, tôda palpitante, Despe o vestido; e surge provocante, Doil;ado e rubro o pomo proibido . .. " "Nêste instante" . .. acreditou ·o poeta irreverente que o pobre Cristo , " num frêmito de amôr", movia os b raços sôbrc a cruz. "DESLUMBRA.l\1ENTOS Eu fantasio, flôr, a feliz hora, Em que saciaremos juntamente, Na maciez do mesmo leito quente, 'l'ôda sêde de amôr que nos c\ev ora . .. Sonho escutar a tua voz, sonora E pura e doce como um beijo ardente, Dizer baix inho, carinhosamente, "És meu . . . sou tua . .. ,pàra sempre . . . agora . .. " Vejo-te rubra dé pudor e éastà _ Ir, como lírio que a torrente a rrasta, Desfalecendo nos meus braços, filha ! Ah ! nesse insta nte, eu, ébrio de desejos, Hei de vencer-te e subjugar com beijos, Como um touro subjuga umá novilha." Para os que estudam Freud, t~st.a idealização de amotes -taurinos revela r ecalques p rovenientes de emoções visuais, adquiridos na meni– nice, ou na primeira infância, a não ser que esteja patente o vínculo com o r ea lismo do mestr e que ouvia as estrêlas ... • $ * Tornar-se-ia extenuante det alhar as intimidades do poeta, pois tudo está justificado ante os estas do seu coração livre e r ebelde. Para uma analise· sem r ebouças é fo:r:çoso, por ém, que citemos fi– nalmen te. "NUA Ei-la nua ! Nos lá bios seus, vermelhos, Brinca um sorriso que domina a gente, . Sôl ta e desfeita a negra trança olente ·Lambe -lhe o dorso, beij:r-lhe os .joelhos. Microscópicos pés, subtis artelhos Sustém seu corpo, milagrosamente ... Derme cheirosa, branca , r ija e quente, Olhos brilhantes como dois espelhos ! O seio ereto, exuber an te e lindo, Primor de graça e asílo da ventura, Faz-me sonhar de amôr um sonho infindo !" .. . ....... . ..... .......... . .. .. ...... . . . .... . ....... . .. . . Na "L iterat ura Par aense", Eustáquio de Azevedo, biografando Na– t ividade Lima transcreve alguns de seus melhor es sonetos,

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