Revista da Academia Paraense de Letras 1968

SlLVIO ME:IRA SAÚDA JOSU~ MONTELLO Não voeja em redor mistério i11traduzív.el Que às vêzes é visível e outras invisível? Enche ~ teu c~ração, tanto q11a11to pud[lres, E quando te senNres fartar e em beatitude, Dá-lhe o nome meNior, aquêle que quiseres : Felicidade! Amor! Divindade ·! Virtude! Eu não dou nonTe algum Não encontro nenhum. Assim, o sentimento é tudo para mim O nome é apenas som e esvai-se em seus vapores A encobrii-nos do olhar o céu com seus fulgores ! ( *) • * • 87 Perdoai, senhoras e senhores, estas divagações filosóficas em uma festa como esta, que é mais do coração. Mas o coração, dizia-o Tobias, também é metafisico, e muitas vêzes socorre-se do cérebro para dar tôda a extensão aos seus caprichos. O destir;o de Josué Montello é alguma coisa que nos força a meditar profundamente. Há os q~e nascem reis e morrem mendigos; os que recebem do bêrço tôdas as benesses e vêem a sua estrêla perder a luz e se extinguir melancàlicamente. Há também os que nascem lenhadores e se fazem líderes de nações, os filhos de operários que se transfor– mam em gigantes do pensamento, guiados pela fôrça incontrolável do Destino. Curtos seriam os minutos de que dispomos para citar dezenas de exemplos, na História da Humanidade, de pensadores. po& tas, escritores, cientistas, que se elevaram para os céus dêste mundo e buscaram o lugar próprio para a sua refulgente estrêla. Fichte, o grande pensador alemão, escreveu uma obra sôbre o "Destino do Homem". Alicerça na consciência a realidade do mun– do exterior. I•'oi no século XIX uma extraordinária contribuição filo– sófica para o proble~a do ser. Muito antes dêle já Cícero concebia o seu "De Fato", em que contrariava concepções anteriores ao seu tempo, que vinham de outras plagas, trazidas por fôrças es– pirituais imponderais da velha Grécia, e fruto das meditações dos estoicos e dos epicuristas sôbre a fatalidade. <;>s poetas - que são filósofos à sua maneira - não poderiam ficar estranhos a tais elucubrações que dependem, em grande parte, das fQ.rças do coração. E percorrendo essa senda, vamos encontrar os poemas filosóficos de Alfred de Vigny, "Les Destinées", em que com mais segurança do que talvez os pensadores da antiga, da mé– dia e da moderna idades, com suas asas de anjo, canta: ( •) Tradução do orador.

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