Revista da Academia Paraense de Letras 1968

10 D. ALBERTO RAMOS tos à Igreja, e "por dá aquela palha" logo saiamos de pena em ris– te, a desancar todos quantos tecessem qualquer comentário destoan– te de nossas crenças. Arvorámo-nos até a critico literário, pelas co– lunas de "A Palavra" ou da "Folha do Norte" e ousamos manter polêmicas com Georgenor Franco, Cécil Meira, Júlio Colares, todos nossos amigos que hoje encontramos nesta Academia. No andar tér– reo do Arcebispado, local em que funcionava "A Palavra", tivemos ensejo de conviver com o padre Florêncio Dubois, humorista apre– ciado e polemista impertérrito. Foi com êle que aprendemos a rever as provas e descobrir as gralhas, e foi êle ainda que nos aconselhou a não catar pretensos êrros de gramática nos escritos alheios, pois a maleabilidade de nosso idioma é tal que quase sempre nos fornece a autoridade de um clássico, para derruir essa "tecnologia de abstra– ções inúteis", como diria Rui. A êsse tempo, andávamos também a lecionar Literatura e Di– reito Canônico, em nosso Seminário, contando entre os que suporta– vam nossas aulas, os nomes de Ãpio Campos e Milton Pereira, Ge– raldCl Menezes e Mário Salviano, José Comarú e Hélio Alves, Rômulo Sousa e Walter Nogueira, e muitos outros que ilustram nosso clero ou nosso magistério. Vieram depois as honras e os encargos, mais encargos do que honras. Inesperada, rápida e desmerecidamente, lançou-nos a Provi– dência Divina, na vigararia geral desta arquidiocese e depois no só– lio episcopal do Amazonas. A medida que cresciam as responsabili– dades minguavam os lazeres para veleidades literárias. Estimulado por Leonardo Mota, o folclorista boêmio do Ceará, que consagrou os últimos anos de sua existência a estudos da histó– ria eclesiástica da terra de monsenhor Tabosa, e com o qual manti– vemos assídua correspondência, elaboramos também o fichário que nos permitiu publicar em 1952, a "Cronologia Eclesiástica da Ama– zônia". • • • Senhores Acadêmicos. A êste passo, já estais a observar que até agora nos limitamos a focalizar nossa própria pessoa, sem mencionar, nem de relance, como é de praxe, o titular da cátedra que nos ofereceis, nem tam– pouco os dois ocupantes, nossos antecessores. Reflexo talvez de quem todo se embaraça na plena consciência de sua insuficiência e, por mais que procure, não encontra, em sua pobre bagagem bibliográfi– ca algo que o possa credenciar a honra tão distinguida. Alenta-nos, contudo, a possibilidade de carrearmos nossa ho- · menagem modesta ao titulo que enflora a cadeira n.º 12, o de nosso antecessor no sólio episcopal paraense, Dom ANTONIO DE MACl'!:- ,J- •

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0