Revista da Academia Paraense de Letras 1968

Josué Montello de na Academia Letras Paraense No dia 9 de janeiro do corrente ano foi recebido em sessão so• Iene da Academia Paraense de Letras o escritor Josué Montello. A sessão foi presidida por De Campos Ribeiro e teve a dar-lhe brilho a presença de numerosas autoridades, intelectuais e senhoras da sociedade paraense. Usou da palavra em nome da Academia Pa• raense de Letras o acadêmico Sílvio Meira. Reproduzimos a seguir as orações de Josué Montello e Silvio Meira: ORAÇÃO DE JOSU~ MONTELLO "Dizia o velho João Ribeiro, lembrando um dos mestres de seu espírito, que os escritores pensam que escrevem, mas na verdade é a língua que escreve por êles. Não apenas a língua, com a sua entoação, a sua sintaxe e o seu vocabulário, há de dar ao poeta ou ao pensador a substância de seu verso ou de sua prosa. Outro fator há de ser levado em conta : a soma. de experiências que o escritor vai recolhendo ao longo da vida e que há de ser, no momento da inspiração propícia - o poema, o roman· ce, a novela, o conto, a peça. de teatro, a crônica, o ensaio literário. Por isso, aqui vos confesso, que, se por vêzes me desvaneço com a minha condição de escritor, logo reconheço que é a minha língua e o meu passado que na realidade fazem de mim o que sou, no mis· tério dessa condição. Com excessão de apenas um romance - "A Luz da Estrêla mor· ta" - os demais que me saíram da pena - "O Labirinto de Espe– lhos", "Janelas Fechadas", "A Décima Noite", "Os Degraus do Paraí– so" - se nutriram das impressões que recolhi, menino ou menino e môço, nos horizontes de minha terra natal, antes de sair da casa de meus pais para longes terras, como a personagem de Bernardim Ri– beiro. São Luís está, assim, na essência de minha criação romanesca. Não fui eu apenas, com a minha lfngua, que escrevi os meus roman– ces, foi minha terra que os escreveu comigo, com seus tipos, as suas

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