Revista da Academia Paraense de Letras 1968

Q DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA 75 em Gustave Flaubert, Aluísio de Azevedo em Emille Zols, Visconde de Taunnay em Victor Hugo, Paulo Maránhão em Ramalho Ortigão, etc., etc.. Quer parecer que o insignificante pigmeu procure hombrear– se, pretenciosamente, à estatura dos gigantes. Nada disso. Outro pro, pósito não encerra esta auto-análise senão o de bem situar o esfôrço próprio do candidato eleito diante da magnitude desta festa acadê– mica. Trago sim, para esta Casa três modestos livros publicados, outro em fase de conclusão, todos vasados démro ae uma caracte– rística própria, que hoje constitue o meu est,Uo personalizado. Amando o gênero da crônica, embora possua alguns contos inéditos, não me considero um escritor realizado. Dai a esperança que nutro de que o ambiente requintado dêste Sodalício aliado à proveitosa convivência que terei em tão ilustre companhia me pro– porcionarão os ensinamentos indispensáveis para um cometimento de maior fôlego, no futuro, qual seja o romance da Cabanagem, vivi– do em Cametá, idéia que hoje se toma obsessão do meu pensamento e que julgo ser a minha última homenagem a prestar à minha terra, cujo povo tão generoso, tanto tem enobrecido ali a História do Pará. • • • Meus caros confrades. Nesta Casa, a b'ênevolência do Destino, que nunca me foi ingrato, me faz viver nêste momento a segunda emoção que êle mesmo me oferece nesta sala. A primeira ocorreu quando aqui mesmo recebi o meu Diploma de Cirurgião-Dentista, que abriria lá fóra a carreira profissional que havia abraçado. Longo tempo depois, eis que a Felicidade me confere outro honroso Diplo– ma, a ser entregue no mesmo local, e que tem por título "Academia Paraense de Letras". Um e outro, na sua nobre finalidade de premiar, trazem implfcito, um nõvo sentido para a vida. Pois se quando esfu– dante podia eu errar, porque não estava formado, pertencer a uma Academia de Letras faz igualmente, cessar, a liberdade de não es– crever bem! Imbuido novamente, desta responsabilidade que nos confere um Diploma, terei doravante a preocupação redobrada para não des– merecer a unanimidade de votos com que a vossa condescendência permitiu o meu ingresso junto de vós. E se Deus quiser, não vos decep-cionarei !

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