Revista da Academia Paraense de Letras 1968

r- 68 VICTOR TAMER assuntos que versa, chegando por vêzes a ser excelente, como no citado opúsculo sôbre a sua demissão do Museu, ou em artigos de polêmica ou em certas descrições das suas monografias geo~ráficas, como a do aspecto dos campos na Ilha do Marajó e vários trêchos do aspecto da região ocidental no livro com êste título. "A feição principal, a c~racterística, se assim podemos dizer, de Ferreira Pena _ continúa José Veríssimo - como homem de es– tudo e saber e que lhe dá um lugar conspículo entre os pesquisado– res brasileiros é o instinto geográfico que em alto grau possuiu. Entre nós, talvez wn dos primeiros e dos poucos a compreender a geogra– fia, não com wn inteligente rol de nomes, mas com a investigação cientifica~ terra tal qual é ou modificada pelos que a habitam.. .". Faleceu Ferreira Pena, em Belém, a 6 de janeiro de 1888, com 70 anos de idade, solitário, sem família, na sua casa de estudos, à travessa São Mateus. No Jardim Botânico do "Museu Paraense Emílio Goeldi", ergue-se um pedestal com a herma ae Domingos Ferreira Pena, comovida homenagem do Museu à memória do seu fundador. N_as quatro faces do monumento, estão gravadas as seguintes inscri– çoes: DOMINGOS SOARES FERREIRA PENA - 1818-1888 - Inicia– dor da ID:!!:IA do Museu Paraense. Geógrafo e etnólogo. Filho da terra mineira, profundo conhecedor da natureza amazônica. onde viveu e morreu. - Mandado erigir pelo governador Montegro. 1907. Coube a Raimundo Moraes, 0 festejado escritor da Planície Amazônica, a honra de ser O fundador da cadeira n.º 15 desta Aca– demia e que tem como patrono Domingos Ferreira Pena. Raimundo Moraes foi wn escritor estritamente amazônida e as suas obras, tôdas decalcadas na exuberante natureza planiciária, hoje pertencem ao pa– trimônio cultural de nossa pátria. Sucedeu a Raimundo Moraes O malogrado jornalista Paulo E-leutério Filho, tão cêdo roubado desta vida pela trama de uma po– lítica violenta que então dominava a nossa terra. O último ocupante da cadeira n.º 15, chamava-se José Coutinho de Oliveira. Descendente de tradicional familia paraense, de largo conceito na sociedade pelas virtudes morais de uma sã formação espi– ritual, Coutinho de Oliveira era dêsses homens nascidos com a fôrça doméstica de nunca falsear uma conduta dentro dos princípios rígidos da honestidade. A herança dessa qualidade nobre de sentimentos com que êle, à tôda a prova, procurava pautar os atos da própria vida para não desmerecer, nem com a atenuante do involuntário, à sagrada tradição de uma familia, jamais lhe fizera hesitar ante a honra de conduzir-se na eXistêncta, sempre igual nos sucessos da inteligência como nos ~- - ------- - o fj -----

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