Revista da Academia Paraense de Letras 1968
DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA 67 da Assembléia Provincial, em sua Província natal, cargo que exerceu até o ano de 1850. Republicano ardoroso, ainda fundou em Ouro Prêto o jornal denominado "O Apóstolo", órgão de combate à monarquia, cujos princípios manteve com brilho excepcional durante três anos. Ante!" de embarcar para o Pará, Ferreira Pena ainda exercera em Minas outros cargos públicos e, quer como funcionário ou como jornalista político, "pôs sempre com talento, honestidade e raro desprendimen– to ao serviço de suas idéias e da causa pública - a sua atividade", qualidades que o tornariam mais tarde um benemérito do Pará. Ferreira Pena chegou ao nosso Estado no ano de 1858. Nêsse mesmo ano, foi logo nomeado Secretário de Govêrno do Presidente da Província, Tenente-Coronel Manoel de Frias Vasconcelos. A êsse respeito conta o eminente historiador José Veríssimo: "Nêsse cargo de Secretário do Govêrno, que por várias vêzes ocupou, conforme dêle o excluiam ou a êle o chamavam as vicissi– tudes da política por mais de sete anos, mereceu sempre Ferreira Pena a mais plena e honrosa confiança dos presidentes e a mais justa estima do público". Foi ainda Bibliotecário Público, professor de Geografia do Liceu Paraense, professor de História e Geografia da Escola Normal. A sua maior obra, porém, ficou ligada à fundação do nosso Museu, o Museu Paraense daquêle tempo, hoje Museu Paraense "Emílio Goeldi". Ferreira Pena viveu no Pará cêrca de 30 anos. Deixou os se– guintes trabalhos: "Necrologia de Marília de Dirceu", "O TocantinS e o Anapu", "A Região Ocidental da Província do Pará", "A Ilha do Marajó", "Apontamentos sôbre os Cerâmicos do Pará", "índios do Marajó", etc.. Sôbre o valor _ literário de Ferreira Pena, vejamos ainda o de– poimento de José Veríssimo, critico arguto de nossas letras, acatado em todo o Brasil: "Ferreira Pena não foi, apesar de para isso o habilitarem os seus estudos clássicos e o conhecimento suficientemente avantajado da lingua e da literatura portuguêsa, um escritor no sentido de um artista da palavra escrita. Não só lhe faltavam as qualidades estéticas e a preocupação da forma, qual um meio artístico de expressão, como os assuntos de que se ocupou e, principalmente, o sentido em que dêles se ocupou, não davam ensejo àquela preocupação. É certo que laboriosamente, meticulosamente, trabalhava os seus escritos, emen– dava-os, refundia-os bastas vêzes; nêste caso, porém, mais visava a simples correção do dizer e, mormente a exação dos fatos, idéias ou opiniões, do que o estilo. Ainda assim êste é bem apropriado aos
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