Revista da Academia Paraense de Letras 1968

JARBAS G. PASSARINHO Senhor Acadêmico Otávio Mendonça ! Impõe-me a tirania da pragmática dêste Silogeu, que eu o trate por Vossa Excelência, fórmula que me apresso em denunciar como crime de lesa-intimidade, dessa intimidade que nos aproximou indis· sofüvelmente, ~inda éramos duas crianças ambos. Cuido que numa associação desta natureza, em pafses socia– listas, o tratamento seja obrigatbriamente companheiro. Vãs, con– tudo, são as consagrações de praxe, até porque o tratamento de "companheiro", obrigatório quando o é, nem sempre traduz mais que a própria imposição e longe está de significar identidade e afeição. Chamando-lhe Excelência, nesta Casa e neste instante, Acadê· mico Otávio Mendonça, mais que nunca o sinto comi,anheiro . O companheiro a quem me associei no alvorôço dos sonhos e dos des– lumbramentos da infância. O companheiro com quem participei das inquietações, temores e ardentes esperanças da adolescência. O com– panheiro das lutas de rapaz à busca de afirmação e de conquista ho– nesta e de valor pessoal . O companheiro de quem a vida me apartou por algum tempo e que reencontro, com imenso júbilo, nesta cidade em que juntos crescemos, e neste Silogeu, onde Vossa Excelência encontra, a esperá-lo comovido, o nosso eventual professor de Geo– g-rafia, Acadêmico Deodoro de Mendonça. A Academia Paraense de Letras recebe-o, orador Otávio Men– donça, certa da bela escolha que fêz ao eleger Vossa Excelência, mas convencida de haver retardado o privilégio de conviver com a mais bela e pujante expressão da eloquência paraense ! o

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