Revista da Academia Paraense de Letras 1968
58 JARBAS G. PASSARINHO 1 umar para o Rio, morar no Rio, namorar cariocas e esmagar, com a nossa inteligência de nortista privilegiados, os colegas de lá. Assim o fêz Otávio. Chegou ao término do curso em 37, ainda com 16 anos apenas . A turma estava marcada por acontecimento invulgar : o centenário do Colégio famoso. Compreende-se o cui– dado especial que, nesse ano, nortearia a escolha do orador. Otávio começou por ser indicado, por unanimidade, candidi;.to pelo curso préjurídico. Teve de disputar com os seus colegas representantes do pré-médio e do pré-politécnico, ambos muito mais numerosos que o seu. De resto, seus competidores vinham cursando o colégio há sete anos, cinco dos quais em comum com os demais condis– cípulos. Veio o dia da Assembléia Geral. Cada candidato falou entre 15 e 30 minutos, sôbre o mesmo tema : o centenário do Colégio . Ao cabo da apuração, o rapazinho franzino de Belém, o Mendonça já não ~ais filho de deputado, pois que Deodoro perdera o mandato com a instauração do "Estado Nôvo" e o consequente fechamento do Congresso por Getúlio Vargas, o provinciano que se fizera um dos melhores alunos do colégio fêz.se também orador de sua turma, com a consagradora maioria de 2/3 dos votantes. REGRESSO A PENATES : "NOVIDADE" E SERVIÇO MILITAR O golpe de Estado, que iria manter Getúlio Vargas no poder até 1945 como ditador, cortou o destino com que Otávio sonhava : a carreira diplomática. Regressou êle a Belém, com tôda a família . O casarão da São Jerônimo abriu os salões para urna festa, em que iriamos rever o amigo da adolescência. Efêmera, contudo, a nossa convivência, pois por meu turno, impelido pela vocação incoercivel da carreira das armas, eu seguiria, pouco depois, para o Rio de Janeiro . Cadete, vim em férias a Belém. Ganhara, na viagem de navio, um grande amigo, então o jovem advogado Raimundo de Souza Moura . -Perguntara-lhe pelos companheiros da minha geração e êle, mal chegado a Belém, fêz questão de ir comigo abraçar Otávio. Encontrei-o sentado numa cadeira de vime, balançando-se, na reda– ção da revista, da "sua" revista "Novidade" . Ao seu lado Artur Reis, já então respeitado historiador da planicie . Como co-fundador do periódico, outro nome lido com respeito : Machado Coêlho . En– tre os colaboradores : Ernesto Cruz, Adalcinda, Bruno, Jacques, al– guns dos quais Otávio já não verá aqui mesmo, nesta noite festiva, ,, o
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