Revista da Academia Paraense de Letras 1968

A Oração de D. Alberto Ramos Há viagens-descobertas, como há viagens-reencontros. Umas desfolham aos nossos olhares panoramas inéditos, costumes exóticos que suscitam admiração. As outras, apesar de nos conduzirem por estradas nunca dan– tes palmilhadas por nós, assumem aspectos familiares, parecem re– encontros com personagens e paisagens conhecidas, fixam no tempo, no concreto e no espaço, aquilo que, desde muito, nossa imaginação já arquitetara. Viagens de reencontro, romarias de devoção. Nas primeiras somos viajantes indiferentes, turistas superficiais. Nestas outras, peregrinos da história ou da crença, da cultura ou da amizade, verdadeiros Peregrinos do Absoluto, como queria Léon Bloy. Quando estivemos na Terra Santa e mais recentemente na Gré– cia, em meio a idiomas estranhos e povos diferentes, não nos sen– tíamos estrangeiros. Parecia que aquelas pedras, aquelas ruínas, aque– las montanhas, eram nossas amigas, eram bem nossas, patrimônio da Humanidade. Na viagem que ora empreendemos, a perpassar ràpidamente a obra literária de Macêdo Costa, Eustáquio de Azevedo e Paulo de Oli– veira, não descobrimos, porém reencontramos a vida paraense nos seus aspectos religiosos, culturais e sociais. Se Macêdo Costa personifica o homem da Igreja, o pastor vi– gilante e evangelizador, Eustáquio de Azevedo, simboliza perfeitamen– te o homem de letras e o jornalista, enquanto Paulo de Oliveira, re– presenta o político e o patriota, de inteiro voltado aos problemas dos trabalhadores e da justiça social. Enpreendamos esta caminhada; a reencontrar a vida de nossa terra, e a terra de nossa vida. Senhores Acadêmicos. Não o convívio diuturno com as mais diversas correntes lite– rárias, não a precisão e o preciosismo vocabular, não a elaboração de alentados volumes, nos credenciam a transpôr os umbrais dêste Silogeu. Se acedemos a admitir que não nos oporíamos a que nosso modesto nome fôsse apresentado, moveu-nos tão sàmente o intuito de corresponder à generosa envolvência de amigos e o incontido an- 1 B,BLIOTECA PÚBLICA ºº PAR~ 1

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