Revista da Academia Paraense de Letras 1968

50 ÁPIO CAMPOS o Mestre espanhol prega, assim, uma "campanha de revalori zação da afetividade". que deve começar nas escolas, e da qual será instrumento e beneficiária, ao mesmo tempo, a própria literatura, so– bretudo se tivermos em mente o que dissemos de início, a saber, que estamos preparando os futuros leitores de amanhã. Suas palavras podem ser subscritas por todos quantos esperam ver, num futuro não muito remoto, os homens entenderem-se entre si falando a mes– ma linguagem afetiva e estética, quer na conversa comum quer na li– terária : "Y yo pediria a todos que en alguna medida -e sumasen a esta cruzada de la restauración de la afec– tividad, que tiene trascendencia en la vida, sobre todo en la vida actual, que, acorazRda en su egoísmo, propende a secar los sentimientos con un elegante in– telectualismo de una cruel y refinada frialdad" (3) . Mercê dessa educação afetiva, deve-se fazer brotar e aperfei– çoa r-se nos alunos o gôsto literário, e essa é função precfpua das Es– colas e Universidades . No ensaio "El Gusto Literário", LEVIN SCHUCKING, como processo de aprimorar o gôsto literário, aponta às Universidades o dever de estimular e fomentar a atividade cria– dora . Quando o jovem escolarizado sentir desabrochar em si o gôsto da obra criada, mesmo que o seja imperfeitamente, estará dando um passo seguro em direção da comprensão da mensagem do Escritor e do Poeta (6). A compreensão da mensagem deverá ser visualizada como etapa de procedimento mais alto, pois a linguagem da obra literária, na correta qualificação de JOAO GASPAR SIMÕES, é - "ef.,me11to de solidariedade social" . Em seu elucidativo trabalho "Natureza e Função da Literatura", o critico português lembra que o escritor tem de ser homem antes de ser escritor . E afirma : "Assim se estabelece uma comunicação ou uma solidariedade fundamental entre quem escreve e quem f ala ... Escritor é o h omem q u o rove lu o mumlu .' si próprio ~trnvés do um instrumento de revelaçãi comum a quantos falam a mesma Iinguo." (7) . Numa llora em quo todos lutamos violentamente pela união entre os homens, torna-se imperdoável q uo n iio u tiUzomoa Lôdn. n. poderos a. !Orça Oe compr een&l\o do llomom qUO 80 COntóm na lingua– gem poética e literária . Temos é que preparar os homens para êsse entendimento . •

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