Revista da Academia Paraense de Letras 1968

42 SlLVIO MEIRA No mesmo Silogeu Amazonense realizou Dom Alberto discurso em memória de Péricles Morais, no dia 26 de outubro de 1957. Poucos dias antes a Academia prestara homenagem a Péricles, que êste ironicamente recebera como um necrológio, pois se encon– trava no fim da existência. As mesmas flôres que serviram à festa em honra do escritor vivo serviram para enfeitar-lhe a morte. Aqui se põe à mostra o homem de letras, de bom estilo, quan– do escreve : "Flôres e louros enguirlandados para lhe coroarem a fronte encanecida nas glórias do Olimpo, destinavam-se nos miste– riosos arcanos da Providência Divina à lúgubre função de coroas mortuárias. Não nos penitenciemos, ilustres confrades, de precipi– tação. Importa bem pouco que as pobres flôres que reunimos para o gloríficar, quase tenham sido as mesmas que .caíram sôbre o seu ataúde. Mais esplendorosas se tornaram, pois, sõbre serem conso– lação na senectude, confirmação na amizade, sinceridade na admira– ção, valeram para a vida e para a morte, honraram o Escritor e o Homem, homenagearam o Amigo que perece e a Cultura impere– cível". Aproveitando a imagem que Dom Alberto tão bem usou para definir a personalidade de Péricles de Morais, poderíamos dizer que esta Academia é como a "fronde da árvore acolhedora, como a da mostarda do Evangelho" "ita ut vólucres coeli veniant et habitent in ramis ejus". As aves do céu também podem vir acolher-se aos ramos desta árvore frondosa, que tem sempre lugar aos que culti– vem a inteligência, dignificam o trabalho intelectual e honram a terra pela cultura e saber. Sêde, pois, benvindo ao seio desta Academia, Dom Alberto Gau– dêncio Ramos. A vossa presença vem trazer luzes novas a esta Casa . A ca– deira de que é patrono Dom Macêdo Costa é hoje a vossa cadeira. Ninguém com melhores títulos para ocupá-la, como cidadão, como sacerdote, como homem de letras. Dom Antônio de Macêdo .Costa, o patrono, deixou nesta terra uma trajetória refulgente e indelével, que tanto mais brilha quanto mais sõbre ela escorrem os anos. Nascido na Bahia em 1830 -fêz cursos no seminário baiano e no de S. Sulpfoio, na França, tendo recebido tonsura das mãos do ar– cebispo martyr Sibour. Veio para a nossa terra em 1860. As chamadas lutas religiosas G arrastaram a sacrifícios imensos. ,. o

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