Revista da Academia Paraense de Letras 1968

fY SAUDAÇÃO A D. ALBERTO GAUDENCIO RAMOS 41 moda em nossa literatura do passado, lançou obra eminentemente nacional, forte e máscula, valorizando os fatos com o seu estilo vi– goroso e fecundo. Ao empossar-se na Academia Amazonense de Letras, a 21 de outubro de 1953, Dom Alberto em sua oração, enaltece também a fi– gura de Adriano Augusto de Araújo Jorge. Ainda perante a Academia Amazonense de Letras proferiu Dom Alberto conferência comemorativa do décimo sexto centenário de nascimento de Santo Agostinho, a 20 de novembro de 1954. Nela se revela o teólogo, a expõr as idéias do bispo de Hipo– na, com clareza e nitidez, quando indaga como atingir o conheci– mento da verdade, invocando Riesco : "Há dois mundos, o sensível e o inteligível. A verdade é superior ao mundo sensível e corpóreo que, sujeito às mudanças do tempo e do espaço, não pode ser ver– dadeiro nem objeto de uma afirmação absoluta e imutável. O lu– gar próprio da verdade é o mundo inteligível, de vez que pela in– teligência aprendemos a verdade, e negar a verdade é negar a inte– ligência. Mas, isto é absurdo e contraditório. A evidência do nosso próprio pensamento é de uma certeza absoluta, e independente de qualquer engano ou estado físico". (Gabriel Riesco-Santo Agostinho, mestre de nosso tempo, 157) . Dom Alberto conclui: "A lucidez e profundeza do talento de ,,... Agostinho se revelam nessa famosíssima demonstração e teoria da verdade, que no fundo não passa de uma prova estupenda da exis– tência de Deus . A alma que afirma a verdade, descobre a presença de Deus debaixo das espécies da luz que ilumina a todo o homem que vem a êste mundo de Cristo, que é a Luz increada, Verdade de tôdas as verdades, Princípio de tudo quánto existe e eterna sabedo– ria divina" . A obra de Santo Agostinho, das mais férteis, alcançou a cêrca õe 94 ve;lumes, sem contar outras menores, que examinadas ateo• tamente atingem a mais de 1.000. Gabriel Riesco cita cêrca de 1.030 trabalhos. Procurando conter nos limites reduzidos de uma conferência o pensamento e a obra agostiniana, Dom Alberto, em poucos traços define-o muito bem, ao afirmar que "o pensador ultrapassava em Santo Agostinho o escritor". ~le mesmo, por vêzes muitas, se las– timava de não poder expressar ao vivo tôda a luminosidade de seu pensamento". E conclui : "Santo Agostinho é uma sombra rasgada ao meio por um relâmpago".

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