Revista da Academia Paraense de Letras 1968

• SAUDAÇÃO A D. ALBERTO GAUD~NCIO RAMOS 35 nio. Por que não haveria a Igreja de aproveitar ao máximo a pe– quena parcela de tempo que o homem lhe reserva para rezar ensi– nando e ensinar rezando ?" "Custará, por sem dúvida, desentrosar velhas mentalidades, que apreciavam no culto divino mais o espetáculo que viam, mas não entendiam, mais o sentimentalismo da música e o pieguismo de imagens alambicadas, mais O entulhamento dos retábulos com vasos e jarros, laços e laçarotes, flôres e plantas, bibelots e lâmpadas mul– ticôres, tudo quanto o escritor alemão Richard Egenter enumerou em seu esplêndido livro "O Mau gosto e s piedade cristã". "O espectador passivo ou o õuvinte displicente vão participar agora da dramatização, deverão dialogar com o sacerdote, cantar, agir, movimentar-se, enfim, portar-se como elementos vivos da as– sembléia". "Arredondam-se os templos, ou melhor ainda, abrem-se à ma– neira de leques para receber a convergência dos olhares que se con– centram sôbre o altar, singelo e nobre, mesa autêntica" . Tôda essa pastoral segue a mesma diretriz, ora alertando con– tra os perigos da novidade, ora convocando a Ação Católica "bene• mérita auxiliar da Hierarquia", ora trazendo esclarecimentos sôbre a liturgia em face das decisões do Concílio Ecumênico. Em outra Carta Pastoral, muito anterior, datada de 7 de se– tembro de 1942, Dom Alberto já revelava o seu espírito de autêntico missionário e sua dedicação à realidade social do meio ambiente, vivendo e sentindo o drama da Amazônia : "utilizando-nos de meios de transporte mais rápidos, temos aportado a localidades longín· quas, onde ainda se conservam reminiscências da passagem dêsses prelados apostólicos". Percor reu tôda a região amazônica, humilde– mente, indo a lugarejos remotos com olhos de observador atento, sempre pronto a verüicar as necessidades econômicas, sociais e es• pirituais dos habitantes da gleba. Referindo-se à Declaração dos Arcebispos e Prelados do Vale Amazônico, assim se expressa : "Além de subscrevermos in 101tm1 a Declaração, permitimo-nos acrescentar que as condições especiais da Amazônia estão a exigir: da Presidência da República ou do Parlamento Nacional medidas ur– gentes de salvação, um regime de exceção que abra as muralhas aduaneiras à importação direta para o Extremo Norte de mercados mais acessíveis do que a própria capital federal, que nos liberte dos fretes caríssimos e dos morosíssimos transportes de cabotagem, que

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