Revista da Academia Paraense de Letras 1968

--- 1) o SAUDAÇÃO A D. ALBERTO GAUDÊNCIO RAMOS 29 Parece que Dom A:lbertc, seguiu a lição e o exemplo de D• Aquino Corrêa: sua vida, como ireis ver, foi tôda ela dedicada ao trabalho, um trabalho sem alardes e sem propaganda, envolta em simpliciade e modéstia, e que desejamos seja conhecida de todos. A "alavanca de ouro" continua em suas mãos. Fêz êle do "trabalho o seu tesouro". E o padre Antôni9 T_omaz de Sales, nascido no Ceará, que Al· berto de Oliveira considerava "o mais espontâneo e delicado sone– tista brasileiro", é outro exemplo de ··doublé de beletrista e sacerdote. Nas letras regionais, ~om repercussão nacional, sobressaem as figuras de D. Macêdo Costa, D. Romualdo de Seixas e D. Romualdo Coelho. A contribuição dos sacerd~tes para a vida política e cultural do País tem sido inestimável, desde o momento em que os primeiros conquistadores lusitanos pisaram eni terras do Nôvo Mundo : cate– quizando, educando, instruindo, trabalhando, lutando, construindo com o seu esfôrço indormido a grandeza de nossa Pátria. Ora é Manuel da Nóbrega em São Vicente levantando educan– dários e fundando cidades; ora é Anchieta a escrever na areia os poe– mas fruto de sua inspiração ardente; ora é Miguelinho trepassado, oferecendo a vida por um ideal; ora é Antônio Vieira em defesa dos gentios, pregando com seu verbo eloqüente nesta mesma cidade, no púlpito de Santo Alexandre e aprisionado na igreja de São João ou escrevendo, em plena ilha de Marajó, a obra "Clavis Prophetarum de Regno Christi in terris consumato libri tres", e só divulgada até hoje em resumo. Como bem o disse Carlos de Laet : "É impossível fazer a história do século décimo sétimo sem repetidamente encon· trar Vieira. E em nossa época, avulta a soma de contribuições para a vida espiritual do País, em que há sábios como o jesuita Augusto Magne, educadores e pensadores como Leonel Franca, oradores como D . Augusto Alvaro da Silva, arcebispo da Bahia e primaz do Brasil, que também é poeta, sob o pseudônimo Carlos Neto, autor, entre ou– tros, do soneto "Tragédia Sertaneja" que ora reproduzimos, muito embora fora do tema desta oração, mas como adôrno fino e neces– sário e exemplo de que o sacerdócio não esmaga as inspirações dos autênticos poetas : '/!; quase a sêca; há muito que o clarão Das queimadas os céus iluminara, Na predisposição da terra avara Para o plantio useiro do sertão.

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