Revista da Academia Paraense de Letras 1968
" A ORAÇÃO DE D. ALBERTO RAMOS 25 rico, social, anedóctico, a era dos 20. Sempre no âmago dos aconteci– mentos, foi um pouco de tudo, 0 conspirador n.º 1, porta-estandarte e baliza, dínamo e pára-choque, 0 dono do baile, o chefe da orques– tra, o fiscal do salão. O símbolo vivo da ''Belém Nova" e da "Asso– ciação dos Novos", fulcro e meridiano de um pequeno Mundo de grandes esperanças". ("Folha do Norte", 9-1-66). Descreve a proliferação de revistinhas manuscritas ou datilo· grafadas, "opulentos de ilustrações a nanquim ou aquarela" entre as quais "grata lembrança merecem O "O Lírio", dirigido e desenhado pelo futuro admirável poeta De Campos Ribeiro", "0 Cisne", que con– sumia tempo, amor e arte de Nilo Franco, e "Lmc", o chamêgo espi– ritual de Edgar de Brito Pontes, outro desenhista de valor. Por essas veredas iluminadas de idealismo caminharam de braços dados com a Esperança, talentos como Ra:niro Castro, Sandoval Lage, Eurico Fernandes, Arlindo Ribeiro de Castro, Bruno de Menezes, Raul Fran– co e quantos mais. Em 1922, quando Paulo de Oliveira convocou ª intelectualidade jovem, precisamente daquelas revistinhas é que pro• veio o melhor contingente, e o mais entusiasta, para a fundação da "Associação dos Novos" que tão poderosa influência iria exercer na campanha de renovação estética, então nascente. "Da ansiedade de todos, proveio a audácia de uns poucos. As– sim nasceu a revista "Belém Nova". . . "órgão declarado do pensa– mento mõço, colunas franqueadas a tõda rebeldia, a tôda experiên– cia, a tôda libertação estética". (idem). Paulo Gomes de Oliveira foi realmente um idealista. Sabia fa– zer amigos, porém não lhes cultivava a amizade. Nas arestas de seu gênio impulsivo esboroavam-se vêzes muitas, as afabilidades dos com– panheiros. Ao redor de seu túmulo ergam-se redolentes as espirais do in– censo de nossa admiração. • * • Dissemos, de inicio, que há viagens de ineditismo e viagens de reencontros. Vai em alguns meses, aproveitamos um recesso do Concílio Ecumênico, para peregrinarmos pela Acáia e pelo Peloponeso, e ou· tras encantadoras regiões da Grécia. Levávamos em mãos e no coração o roteiro das viagens de São Paulo, porém não podíamos reter a fantasia, ante aquêles ce– nários_acinzentados e impressionantes, que forjaram tôda a mitolo· gia helênica. Sobrada razão assistia• ao nosso amigo monsenhor Lu– ciano Duarte para asseverar : "Quem visita os santuários da Grécia fica maravilhado da capacidade de sintonia da alma grega com a na-
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