Revista da Academia Paraense de Letras 1968

A ORAÇÃO DE D. ALBERTO RAMOS 23 Ao que nos consta, talvez devido às suas ausências para repre– sentar o Ministério do Trabalho noutros Estados, Paulo de Oliveira não chegou a proferir o discurso de estilo, nesta Academia, em que deveria analisar a obra de Dom Macêdo Costa e de Eustáquio de Azevedo. Singularmente poderemos inverter a ordem da pragmática e ir buscar na obra de Jacques Rolla "Literatura Paraense" justa– mente a sintese da personalidade literária daquêle que haveria de ser o seu sucessor nesta cadeira n.· 12 : "PAULO DE OLIVEIRA. Na mocidade, quando tudo nos sorri, e as ilusões, em revoada, nos enchem de fé e de esperanças, - não há intelectual que não se julgue poeta. "Paulo de Oliveira não podia fugir a essa lei. Fêz versos tam– bém, e bons versos. Mas, depois, atirou-se às pugnas do jornalismo, disso só cuidando hoje, com o fervor de um apóstolo. "Antes, porém, escreveu contos deliciosos e fantasias, críticas de arfes, artigos políticos, zurzindo a pele dos adversários ou dos plurnitivos das letras em polêmicas cerradas, ou fazendo justiça àquêles que a mereciam. "Escritor e jornalista de prosa firme e cultura reconhecida, Paulo de Oliveira vive presentemente na capital maranhense (1934) onde a sua pena fulgura, sendo um dos redatores de "O Imparcial ". "Foi um dos mais antigos membros da "Associação dos Nn– vos". Eis um de seus arroubos de mõço, na época em que poetisava, e na qual exaltava o seu amor, talvez platônico : SUPER OMNIA Poema de Insônia e Febre, êst-e esple11dente amôr Q11e dentro do m !!11 ser, do coração vibrando, - 'P: q11al v11lcão, em lavas rebentando. - 'P: como 11m sol nascendo, ,em rútilo esplendor I E a perfeição evoco ao vinho embriagador Dos teus lábios, e encaro os astros, r11tila11do ! Depois a Primavera e pássaros ca11tando J .. .E esta febne de Glória a apontar-me o TabéJr / Reticências de l111. pelos céus! Sóis ardendo E o vendaval do Amor, q11e e11 sinto s11bitti11eo, Q11e r11ge e me desfibra o coração, treméndo / Noite e silêncio. . . Um vulto!... Há espinhos no meu leito I - Rebentam roseirais 110 cerr'le de meu cri1nio I - Inflama-se um vulcão a dentro do me11 peito !"

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