Revista da Academia Paraense de Letras 1968
22 D. ALBERTO RAMOS Senhores Acadêmicos. Para suceder a Eustáquio de Azevedo. na cadeira n." 12, é ain– da Georgenor Franco quem o relata, foram eleitos Paulo de Oliveira, com 8 votos, e Wenceslau Costa, também c9m 8. "Verificado ·o em– pate, (na sessão de 4 de abril de 1944) surgem discussões, propondo Osvaldo Viana fôsse o caso solucionado com o voto de qualidade do presidente. Os ânimos se exaltaram e Remígio Fernandes foi o mais violento de todos, protestando contra o fato de o presidente votar duas vêzes. Jorge Hurley propôs nôvo escrutínio, ficando logo acer– tado, unânimemente, que, em caso de nóvo empate, sendo como eram omissos os estatutos, o presidente usaria do voto, de qualida– de. O resultado foi o mesmo: 8 a 8. O Presidente (dr. Eduardo Aze. vedo Ribeiro), declarava que desempatava a favor do sr. Paulo de Oliveira, cuja obra lhe era muito familiar e cujo nome literário mui– to mais conhecido que o seu competidor-, .afirmando. não conhecer a êste em pessoa e muito pouco literàriamente. Vários protestos são ouvidos, especialmente de Rernigio Fernande~•. com aquêle seu típico linguajar violento, retirando-se do plenário, sbmente voltando a fre– quentar a APL muitos anos depois, quándo Wenceslau foi eleito. Pau– lo Eleutério achou, com justa razão aliás, extemporânea a declara– ção do presidente, visto parecer-lhe que o presidente tinha obrigação de conhecer ambos os candidatos, literàriamente falando. E Paulo de Oliveira foi eleito". ("Uma História para a História" - Imp. Unívers. do Pará, 1963, p . 25). Influira certamente o aspecto político, como o mesmo George– nor Franco insinuara, na página anterior : "Murmurava-se que o co– ronel Barata estava interessado na eleição de Paulo de· Oliveira, à época persona grata do govêrno e, em política, baratista de quatro costados. Seu opositor era Wenceslau Costa, persona non grata ao govêrno e contrário ao baratismo". (op. cit. p. 24). Acreditamos que, mesmo sem o ~afejo governamental, Paulo de Oliveira, naquela ou ?)outra época,. teria logrado obter os lauréis da consagração acadêmica, pois era jornalista combativo, com abun– dantes produções esparsas pelas colunas de "O Estado do Pará" e ll "Revista Belém Nova", ainda que sem muitos livros publicados, <:orno o seu antecessor. Nele não encontramos a mesma "finesse" d'e Eustáquio de Aze– vedo. Sua fisionomia acaboclada, sua estatura atarracada, lembrava mais a ascendência cabana. Na "orelha" de seu livro, "Subterrâneos do Mundo", afirmam os editores que "o' velho lutador da imprensa, altivo, sincero e independente, "foi "homem de ação própria, de orientação e convições nitidamente pessoais" e "por isso mesmo, in– compreendido, injustiçado em suas atitudes, .idéias e atividades pú– blicas". •,J
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