Revista da Academia Paraense de Letras 1968

A ORAÇÃO OE O. ALBERTO RAMOS "Permiti que um passadista, macr6bio representante do verso "pífio e chorão", venha aqui, como trocista, sempre alegre e brincalhão, neste banquete chibante entoar um canto. . . chão. Remanescente galerno das escolas do passado, ao Bruno, - poeta moderno, sou portador de um recado : - Do Parnaso, a dôce Erato que êle, outrora, conheceu e que, por fim, desprezou, - manda pedir-lhe o retrato, e as cartas que ela escreveu quando nele acreditou ... 21 Seu canto de cisne, seus últimos versos, quase proféticos, no dia em que completou 75 anos de idade, pressentiam a morte. Como quase sempre acontece com os espíritos esclarecidos, desanuviadas as dúvidas de outrora, voltava-se totalmente para a confiança em Deus : "Farto estou de vive-r; já me enfada a existência . .. Tudo quanto é demais por certo que ahol'rece . . . Agora só desejo e peço à Providência Que me leve da terra e escute a minha prece. Graça,. vos dou, m'i!ll Deus, pela bondade imensa Q1,e tiv-estes comigo, em me deixar viver. .. Gozar, amar, folgar, sem outra recompensa Do que a fé que por Vós sinto, firme, Nn meu ser! Vou tranquilo, Senhor, sem saudades de um mundo Onde impera a vaidade e a hipocrisia gov,erna, Fonte de ingratidões e de vfcios, imundo... Dái, portamo, que eu pague o tributo devido, Eu o farei, Senhor, buscando a par. eterna Como quem continua um sonho inteT'rompido . ... Quinze dias depois, a 5 de outubro de 1943, Eustáquio de Aze– vedo mergulhava no sono infinito da Eternidade...

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