Revista da Academia Paraense de Letras 1968

A ORAÇÃO. DE D. ALBERTO RAMOS "2ste boêmio vive conservado dentro de uma garrafa de cerveja. Donme em pé . . . e acorda-se deitado. Muito antes do século passado pelejo11 pela Mina e, em tal peleja, (em nome do Pará, louvado seja) foi o mineiro mais entusiasmado. Ao chegar por aqui Castelo Branco vi11 o Berto/do N1111es (e ê le a um lado) , comendo côco no alto de 11m barranco. Então, em cada um, pôs um apelido : o Berto/do ·era. . . leite condensado. E o Jacques Rol/a chumbo derretido" . 19 "Um tanto filósofo à maneira dos boêmios construtivos, depõe seu colega Bruno de Menezes, não tem sido fácil esquecer nas rodas sobreviventes ao materialismo utilitarista, a figura popular de Eus– táquio, que, no ~eu tempo, seria dígna de assinalar-se nas páginas de "A Conquista", do Coelho· Neto abolicionista". ("O Estado do Pará" - 20 set.). Tentou o teatro, sobretudo, em traduções e adaptações. O dra• ma em 4 atos, "A irmã Celeste", extraído "quase que ad litteram" do romance do autor lusitano Vieira da Costa, reflete uma incompreen– são total da sublimidade da_· vocação religiosa. Chegou a perpetrar versos futuristas, porém defendeu sempre o parnasianismo. Reconheceu que "o romantismo, seja dita esta verdade, se foi o amante de idéias nobres, se foi o cantor da liberdade e dos feitos heróicos, não deixou também de ser a escola do cepticismo, do desa– lento e da morte". ("Vindímas", p. 11). Enveredou pelo naturalismo e chegou a escrever a novela "A Viúva", justificando-se de que assim procedia "para não ficar indiferente ao movimento" (op. cit. p. 20). Classificou o simbolismo de "escola abstrata e vaga dos luná– ticos adoráveis" e desancou-o em artigos díversos pela imprensa, confessando-se parnasiano . impenitente. Escrevia em 1908 : "Eu, pobre díabo, sempre apegado ao car– rancismo lorpa da velha guarda, conservava-me fiel aos antigos mol– des e azourragava os reformadores enfatuados da verdadeira poesia, revolucionários perniciosos, que tentavam banir do verso a forma im– pecável, a estética, a sonância, a melodia, e, sobretudo, - que vân– dalos - a metrificação, substituindo-as pelo absurdo, pelo nebuloso, pela falta de bom senso e pela pulhice rimada". (Vindimas, p. 182). Escritor dos mais completos em nosso meio, não se arreceiou de tentar qualquer gênero literário. A versatilidade de sua cultura

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