Revista da Academia Paraense de Letras 1968

Os que êle q11>'.'r amar observam-no com mêdo, ou se animando então com sua estranha calma, proc1iram lhe arrancar uma queixa, um segrêdo, ou _ se atiram coMra êle, os ferozes, sem alma. Té m ,smo 110 alimento, e 110 pão e 110 vinho, misturam cinza e põem inda impuros esputos; o que o inocente toca, é d-e logo daninho, e se acusam de pôr nos dêle, os pés de brutos. No mercado, proclama a sua espôsa aos brados: - "Se s6 por me adorar êle me acha tão linda, de ídolo nlli! farei e até com seus dourados, eu me redourarei p'ra ser mais bela ainda; Eu me ungirei d-e incenso e de mirra •e de nardo, de tributos d-e carne e vinho e de outras prendas, para, do coração de quem com zelos guardo, saber se usurparei as divinas oferendas. E ao e11tediar-m:1 enfim dessas farças sombrias, sôbre êle a mão porei, frágil mas obstinada, e minhas unhas quais as 1111has das harpias, at~ seu imo peito abrirão uma estrada. Como avezinha assim que treme e que palpita, o coração sangrando arrancar-/hie-ei do peito, e para contentar a minha favorita, aos pés lhe lançarei, com desdem e despeito." Para o céu, onde o olhar vê trono resplendente, o poeta alça, sereno, os braços piedosos, e os irrtensos clarões de sua alma candente, desvendam-lhe a missão dos povif.hos furiosos. - "Sê bendito, Senhor, que dás o sofrimento como celeste triaga às nossas impurezas, como a mais pura essência •e santo linimento, os fortes preparando às mais altas emprêsas. Sei que tens ao poeta, um lugar reservado, das santas legiões nas claras altitudes, e para a eterna festa a que foi convidddo e das dominações, dos tronos, das virtudes.

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