Revista da Academia Paraense de Letras 1968

Ao Leitor (BAUDELAIRE) O engano, a estupidez, o pecado, a sordícia, dirigem nosso corpo, ·enchem o coração, nutrimos o •remorso amáv·el, com delícia, como um mendigo ceva a sua podridão. Fracos no arrepender, teimosos no pecado, fazemo-nos pagar à larga, o parecer, e entramos, a sorri-r, o caminho enlameado, crendo em pranto vil as manchas desfazer. Trismegisto satan, do mal ao travessr>iro, nosso espirito iluso é quem nos vem ninar e equímico genial, êle, o metal ligeiro da nossa vida ·esfaz e vaporiza 110 ar. 2 o demonio que move os fios d.e nossa vida. nos assuntos mais vis, vemos sonhos reais. cada dia, ao inferno, é um passo d!! descida, sem horror, através das t-revas infernais. Qual devasso que o seio assás martirizado, beija, come e remoí, duma velha mu/lzer, roubamos, ao passar, um prazer simulado, um fruto que se chupa e que ninguém mais quer. Um mundo de satans, como um milhão de vermes, nos cerebros fervilha, em bródios sepulcrais e em nosso respirar, desce aos pulmiJ~s inermes a morte, rio oculto, em surdos, longos ais. Se o estupro, se o punhal, se o i11cê11dio, se o veneno já não bordaram com seus graciosos nós, de nossa i11fanda sorte o •esbôço tão pequeno, é que ,em nossa alma, é morta a ousadia, ai de 116s. 1 •

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